CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ÍLEO ADINÂMICO POR INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO

INTRODUÇÃO

A maioria dos corpos estranhos deglutidos passam pelo trato digestório sem intercorrências, porém 1% evoluem com complicações, perfurações ou obstruções. Perfurações podem culminar em sepse, obstruções, íleo adinâmico e abscessos abdominais. Na suspeita de corpo estranho é indicada a realização de exames de imagem para determinar informações do trajeto e do tipo de corpo estranho ingerido. Parte dos corpos estranhos deglutidos é radiopaco e isso facilita o estudo radiográfico. 10 a 20% dos casos necessitam de remoção endoscópica e menos de 1% de remoção cirúrgica. O íleo adinâmico é um evento em que os movimentos peristálticos cessam e os alimentos não transitam pelo lúmen intestinal, simulando um quadro de obstrução intestinal mecânica. Mesmo sabendo que o percentual de perfuração é ínfimo, o cirurgião deverá sempre pensar nessa hipótese e em caso de dúvida, recomenda-se a laparototomia exploradora.

RELATO DE CASO

Homem, 59 anos, admitido no PS do Hospital Nardini, com relato de ter “engolido” corpo estranho, especificamente uma lâmina de bisturi e duas agulhas. Ao exame: abdome distendido, ruídos hidroaéreos inaudíveis e dor apenas à palpação profunda em epigástrio e fossa ilíaca esquerda. Foi internado e encaminhado ao centro cirúrgico após 24 horas. Neste intervalo de tempo foram seriados exames radiológicos, que evidenciaram um objeto (agulha) na região do estômago, outro (lâmina de bisturi) em cólon transverso e outro (agulha) em sigmoide. Paciente foi encaminhado ao centro cirúrgico onde foi feito laparotomia exploratória. Visibilizado alças de delgado e cólon transverso com distensão, ausência de bloqueios inflamatórios ou pontos de perfuração. Apesar do exame minucioso de alças intestinais, os corpos estranhos não foram encontrados. Com auxílio de arco cirúrgico portátil (fluoroscópio) foi detectado em cólon transverso a lâmina de bisturi, que foi retirado. As agulhas não foram encontradas.

DISCUSSÃO

Ingestão de corpo estranho comumente representa prática de emergências. Geralmente passam sem complicações pelo tubo digestório e são eliminados, porém alguns casos ficam presos em diferentes níveis do trânsito intestinal, podendo promover reação local, íleo paralítico, perfuração e abdome agudo. Existem relatos em literatura de apendicite aguda ou até mesmo diverticulite de Meckel por corpo estranho impactado. A conduta depende da localização do corpo estranho e da presença ou não de complicações. Os corpos estranhos encontrados em via digestória alta como esôfago e estômago são optados por procedimentos endoscópicos e quando possível, retirados. Em compartimentos distais como, por exemplo, intestino delgado, são elegíveis para procedimentos cirúrgicos. O presente relato de caso evidencia íleo paralítico após ingestão de corpo estranho metálico e pontiagudo, que puderam ser acompanhados por exames radiológicos seriados, e apesar do maior risco de perfuração e complicações, acabaram não causando maiores malefícios

PALAVRAS CHAVE

Íleo Paralítico; Agulha.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital de Clínicas Dr Radamés Nardini - São Paulo - Brasil

Autores

Anderson Luís Ferreira Oliveira Júnior, Mayra Andrea Severich Torrico, Fernanda Iglezias Sacoman Marques, Esaú Furini Ferreira Barros, Silvana Daniela Cespedes Gómez, Taynara Roberta Guerreira Paiva, Alejandro Delfos Hermoza, Allison Takeo Tsuge