TÍTULO

ACHADO CASUAL DE CARCINOMA GASTRICO EM PRE-OPERATORIO DE CIRURGIA BARIATRICA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A obesidade é um grave problema de saúde pública. O tratamento da obesidade é multidisciplinar e inclui medidas dietéticas, comportamentais, exercício físico, medicamentos, métodos endoscópicos e cirúrgicos. Na avaliação pré-operatória dos pacientes com indicação de cirurgia bariátrica, além de anamnese e exame físico adequados, são solicitados exames complementares, dentre eles a endoscopia digestiva alta (EDA). A indicação da EDA no pré-operatório de pacientes assintomáticos é controversa, no entanto, a maioria dos estudos recomenda sua realização em todos os pacientes. A EDA pode identificar varias doenças e sugerir modificação da técnica cirúrgica a ser empregada ou até mesmo contraindicar a operação.
Os achados endoscópicos mais frequentes são hérnia hiatal, gastrite, esofagite, úlceras gastroduodenais e esôfago de Barret. Menos frequentemente pode ser encontrado o adenocarcinoma gástrico, que no Brasil chega à cifra de 38,8/100.000 habitantes. O adenocarcinoma gástrico é uma doença grave usualmente diagnosticada em estágios avançados em nosso país.

RELATO DE CASO

Trata-se de paciente do sexo feminino, 33 anos, com obesidade grau III (IMC 48.97 kg/m²) refratária a tratamento clínico. Em propedêutica pré-operatória para cirurgia bariátrica apresentou em EDA lesão sugestiva de malignidade em antro gástrico. Biópsia desta lesão evidenciou adenocarcinoma tipo difuso de Lauren, invasor e ulcerado. Realizada extensão propedêutica para estadiamento, sem achados de lesões à distância.
Optado pela abordagem cirúrgica precoce, paciente foi submetida à laparotomia com gastrectomia total e linfadenectomia a D2, ato bem tolerado pela paciente e sem intercorrências. Paciente apresentou boa evolução pós-operatória, recebecendo alta hospitalar no quinto dia de pós-operatório. Anatomopatológico evidenciou adenocarcinoma gástrico tipo difuso de Lauren, ausência de lesões nas demais peças.
Paciente apresentou perda ponderal de 26 quilos nos primeiros três meses de pós-operatório, reduzindo seu IMC para 39.35 kg/m². Paciente mantem acompanhamento ambulatorial com equipe multidisciplinar de tratamento da obesidade e acompanhamento conjunto com oncologista, não necessitando de outros tratamentos adjuvantes a cirurgia.

DISCUSSÃO

A cirurgia bariátrica é considerada ferramenta eficaz no controle e no tratamento da obesidade severa. Entretanto, é preciso ressaltar que esse tratamento não se resume ao ato cirúrgico. O preparo pré-operatório adequado desses pacientes com equipe multidisciplinar e exames complementares determinará a técnica cirúrgica mais adequada e o sucesso do tratamento.
O câncer gástrico é uma das formas de câncer mais comuns no mundo e apresenta alta mortalidade. A identificação precoce neste caso apresentado foi fundamental para o prognóstico da paciente que apresenta grandes chances de cura em cinco anos. Além disso, o procedimento cirúrgico realizado ajudou no tratamento concomitante da obesidade.

PALAVRAS CHAVE

Obesidade, cirurgia bariátrica, endoscopia, câncer gástrico

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE