CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOMA SÉSSIL SERRILHADO EM APÊNDICE CECAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O câncer colorretal (CCR) é o terceiro câncer mais diagnosticado no mundo. Apenas uma via de carcinogênese colorretal era conhecida, entretanto, nos últimos anos uma via alternativa, através dos adenomas serrilhados, foi descrita, correspondendo a cerca de 10% a 30% de todos os CCRs. Estes representam um grupo de pólipos serrilhados (PS) com potencial para evoluir para CCR através da chamada via serrilhada. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) publicados em 2010, os PS são classificados em três subtipos: pólipos hiperplásicos (PH), adenoma serrilhado séssil (ASS), com ou sem displasia, e adenoma serrilhado tradicional (AST). Os ASSs evoluem mais rapidamente para carcinoma, sendo importante o diagnóstico precoce na prevenção do CCR.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 48 anos, evidenciou lesão de crescimento granular lateral na topografia do óstio do apêndice vermiforme em colonoscopia de rastreio - por antecedente familiar de câncer colorretal positivo. Continha muco e o padrão das criptas estava alterado. Devido à impossibilidade de ressecção da lesão via colonoscópica pela mesma progredir para o interior do lúmen, e pelo risco de malignização, foi optado por ressecção via laparotomia, com apendicectomia e ampliação da margem local. A doente evoluiu bem, sem complicações e o achado histológico da peça confirmou a hipótese diagnóstica inicial de adenoma serrilhado em apêndice cecal, com margens de ressecção livres de lesão.

DISCUSSÃO

O ASS representa 15 a 20% das lesões serrilhadas, sendo o mais comum. Frequente em mulheres, com idade média de 60 anos. Localizam-se principalmente no cólon proximal, sendo geralmente planos, com aparência de mucosa redundante, alterando o contorno das dobras ou estendido sobre as mesmas. O que individualiza o AAS é a camada de muco aderente à superfície da lesão. Critérios histológicos para o diagnóstico incluem a arquitetura das criptas – serrilhadas e ramificadas, dilatações basais invertidas em T ou L, com características citológicas com padrão mucina, displasia, em termos de pseudoestratificação e atipia nuclear, mitoses nas criptas superiores e eosinofilia citoplasmática. Idade, obesidade e diabetes são fatores de risco para ASS. As alterações moleculares observadas são mutações BRAF e KRAS (códons 12 e 13), associadas à hipermetilação, que promove alguns genes denominados CIMP (CPG Ilha Methylation Promotor). Adenomas serrilhados primários do apêndice vermiforme que evoluem com degeneração maligna para adenocarcinoma são eventos raros, descritos normalmente como achados pós-apendicectomia ou durante necropsia, sendo o diagnóstico durante colonoscopia um evento excepcional. Muitos desafios deverão ser enfrentados, como a melhor detecção de lesões serrilhadas e a determinação dos intervalos de vigilância adequados após a sua remoção.

PALAVRAS CHAVE

Neoplasias do apêndice; Adenocarcinoma; Colonoscopia

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Universidade São Francisco - São Paulo - Brasil

Autores

Carlos Augusto Real Martinez, Daniel Castilho Silva, Ronaldo Nonose, Paula Cristina Steffen Novelli, Letícia Delsin Mizael, Beatriz Camelini Moreno, Luana Augusta Santos Costa, Priscila Gouvea Elias