CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

A BAIXA EXPECTATIVA DE VIDA EM PACIENTES COM ADENOCARCINOMA PANCREATICO PODE SER MODIFICADA? A PROPOSITO DE UM RELATO DE CASO BASEADO EM EVIDENCIAS

INTRODUÇÃO

O câncer pancreático está entre os que mais levam a óbito. Com pior prognóstico em relação a outras neoplasias, poucos sobrevivem por cinco anos. O único tratamento potencialmente curativo é a ressecção, com mortalidade perioperatoria em centros especializados de 2-5% e morbidade 30-50%. Quimioterapia adjuvante (QA) é aceita e a neoadjuvante não demonstrou alterações na sobrevida. Fatores prognósticos incluem tamanho do tumor, metástases linfonodais, margem cirúrgica, QA, marcadores tumorais e invasão da veia porta(VP).

RELATO DE CASO

Homem, 72 anos com icterícia há 5 dias associado a hiporexia, astenia e perda de peso involuntária (10kg/1 mês). Apresentava diabetes mellitus do tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, estenose de carótida, dislipidemia, glaucoma, aneurisma de aorta abdominal não tratado, infarto agudo do miocárdio prévio com falha na colocação de stent, ex-tabagista 150 maços/ano e cessado há 4 anos. À investigação por imagem: lesão nodular de 2,0 x 1,8cm na cabeça pancreática. Submetido à duodenopancreatectomia com achado de invasão VP. Realizada ressecção parcial da mesma. Laudo histopatológico: adenocarcinoma pancreático padrão ductal moderadamente diferenciado, margens livres. Estadiamento pT3N0Mx. No pós-operatório, com febre e distensão abdominal, à investigação revela coleção peri-hepática solucionada com punção guiada e antibioticoterapia. Após alta, QA baseada em gencitabina. Após 16 meses, apresentou perda de peso involuntária e dor em hipocôndrio esquerdo irradiada para dorso, nos exames, recidiva locorregional, iniciou QA. Durante a evolução, manteve seu modo de vida habitual e qualidade de vida preservada. Após cinco anos e três meses, internado com embolia pulmonar, evoluindo a óbito.

DISCISSÃO

Apenas 10-15% dos tumores são ressecáveis, entretanto o paciente pertencia ao estádio 2A e candidato a cirurgia, cuja morbidade é alta. No intra-operatório observou-se invasão da veia porta, classificando-o como ressecável limítrofe. Maior número de complicações ocorre em diabéticos, fumantes e homens, características presentes no caso, que apresentou uma coleção peri-hepática (Clavien Dindo IIIA) solucionada com intervenção radiológica. Indicado QA e após um ano do diagnostico apresentou recidiva local, que ocorre em 40% dos pacientes. Possuía fatores de pior prognostico como idade maior que 65 anos, comorbidades e invasão VP. Contrapondo a expectativa de vida média de quatro meses para esta idade e as altas taxas de complicações pós-operatórias, paciente sobreviveu por mais de 5 anos. Dessa forma, infere-se que quando a investigação do câncer de pâncreas é realizada de forma correta e incisiva, o diagnostico é feito menos tardiamente e pode contrariar a baixa sobrevida. Tratamento cirúrgico efetuado prontamente e por um profissional experiente, pode auxiliar a elevar a expectativa de vida.

PALAVRAS CHAVES

Neoplasia de pâncreas; Fatores de risco; Duodenopancreatectomia.

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Faculdade Ceres - São Paulo - Brasil

Autores

Ana Cristhina Juvêncio Honoratto, Anna Luisa Lorenzo Silva Ramos, Lucas Gonçalves Naves, Marianna Lorenzo Ramos Montingelli, Raphael Raphe