Dados do Trabalho
TÍTULO
ESTENOSE BILIAR POS-TRAUMA ABDOMINAL FECHADO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O fígado é um dos órgãos mais acometidos no trauma abdominal contuso e o tratamento conservador tem sido a escolha em pacientes hemodinâmicamente estáveis. Neste contexto, lesões biliares podem passar despercebidas ocorrendo complicações tardias, como é o caso das fístulas, bilioma e estenose da via biliar. Apresentamos um caso de trauma hepático contuso grau 3, tratado de forma conservadora que evoluiu tardiamente com icterícia de padrão obstrutivo, levando a pensar em um quadro de estenose da via biliar.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, história de queda de altura de 6 metros com trauma tóraco-abdominal fechado. Tomografia computadorizada evidenciando trauma hepático contuso grau 3. Evoluiu de forma satisfatória após tratamento conservador. Após 9 meses, retornou a consulta por dor em abdômen superior, recusa alimentar e icterícia de padrão obstrutivo com o seguintes exames laboratoriais: TGP:341U/L; TGO:133U/L; BD:2,77mg/dL; GGT:676U/L. Exame de colangioressonância demonstrou vias biliares intra e extra-hepática dilatadas, com estenose importante em colédoco médio. Optou-se pela realização de CPRE que identificou a área de estenose biliar. Tentou-se a passagem do fio guia, sem sucesso. Optamos por abordagem laparotômica com incisão subcostal direita. No intra-operatório foram evidenciadas aderências em região do hilo hepático e colédoco proximal dilatado (2,5cm). Observamos discreto orifício fistuloso e área curta de estenose em região do colédoco médio, próxima a borda do pâncreas. Seguiu-se a cateterização do ducto cístico, colecistectomia, secção do colédoco proximal e anastomose biliodigestiva (colédoco-jejunal término lateral) em Y-de-roux com ligadura do colédoco distal. No pós operatório a dieta foi liberada a partir do segundo dia e obteve alta hospitalar no quinto dia de pós operatório.
DISCUSSÃO
Lesões de vias biliares no trauma hepático contuso podem variar de uma grande lesão ductal, geralmente diagnosticada cedo, a uma pequena lesão, que se apresenta mais tardiamente como é o caso da estenose biliar. Esta rara complicação, se desenvolve do 15° ao 60° dia após o trauma, principalmente no ducto biliar intermediário abaixo da fusão do ducto cístico. Acredita-se que seja resultado de uma inflamação (pericolangite) induzida por uma pequena ruptura do ducto biliar, levando a fibrose e posteriomente estenose, ou devido a isquemia focal de vias biliares à qualquer processo que interrompe o fluxo do plexo arterial peribiliar.
O diagnóstico é suspeitado por imagens abdominais que tipicamente revelam um sistema biliar dilatado. O tratamento de primeira linha é a CPRE, por ser menos invasivo e permitir tratamento definitivo através da dilatação e inserção de endopróteses. Na falha desta, a correção cirúrgica se impõe, sendo a técnica mais utilizada a biliodigestiva em Y-de-Roux com excelentes resultados em lesões distais (96%) e resultados aceitáveis em lesões de nível proximal (77%).
PALAVRAS CHAVE
estenose biliar, trauma contuso, lesão de via biliar
Área
FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
IGAST - Paraná - Brasil
Autores
Karina Ayana Matioli Inoue, Juliana Dantas, Janaina Gatto, Francisco Schossler Loss, Fernanda Kreve, Jonas Takada