CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTITE CRONICA ALITIASICA COMO CAUSA DE COLEPERITONIO EM PACIENTE COM INSUFICIENCIA CARDIACA CONGESTIVA DESCOMPENSADA

INTRODUÇÃO

Coleperitônio é a presença de bile na cavidade peritoneal. Suas manifestações clínicas variam desde dor abdominal de baixa intensidade a peritonite difusa. Pode ser acompanhado de febre, icterícia e leucocitose, dependendo da quantidade de bile na cavidade. Tem como principais causas trauma pós cirurgia da via biliar, necrose do coto do ducto cístico pós-colecistectomia, colecistite aguda e tumores pancreáticos. Um bom método para identificar a causa de coleperitônio é a colangiografia endoscópica retrógrada, porém uma resolução de urgência com limpeza e drenagem da cavidade abdominal tem prioridade nos casos de sinais de peritonite, e deve ser realizada.

RELATO DE CASO

E. J. P, masculino, 67 anos, admitido em Unidade de Terapia Intensiva em choque cardiogênico por Insuficiência Cardíaca Congestiva descompensada. Na internação o paciente evoluiu com icterícia, ascite, plaquetopenia e leucocitose. Foi realizado dosagem de bilirrubina total e frações, evidenciando: Bilirrubina total: 45,69; Bilirrubina direta: 39,83; Bilirrubina indireta: 5,83. Foi ainda realizada Tomografia Computadorizada (TC) de Abdome, visualizando presença de líquido livre na cavidade, concentrado em abdome superior, não sendo visualizada vesícula biliar na TC. Foi diagnosticado coleperitônio através de punção abdominal intraperitoneal guiada por ultrassonografia. Em laparotomia exploratória mediana, foram identificados e aspirados 3 L de secreção biliosa no acesso à cavidade. Foi visualizada vesícula biliar atrófica, com bloqueios, não sendo identificado ducto cístico devido à grande aderência de vesícula à via biliar principal. Realizado ressecção anterógrada de vesícula do leito hepático, sendo a mesma enviada para anatomopatológico, e observado abertura em via biliar principal. Realizado colangiografia intraoperatória pela abertura, que evidenciou via biliar pérvia, sendo posicionado dreno de Kehr no ducto colédoco.

DISCUSSÃO

No anatomopatológico foi observado vesícula biliar medindo 4 cm, com diâmetro de 1,5 cm e luz vazia. Foi observado ainda ausência de cálculos e fibrose em parede, sendo o diagnóstico colecistite crônica alitiásica. Após a cirurgia, paciente manteve níveis normais de bilirrubinas com ausência de líquido em cavidade peritoneal. Excluindo-se as causas de trauma de via biliar, complicações de colecistectomia e tumores, conclui-se que o coleperitônio foi causado por perfuração na vesícula secundária à um processo de colecistite crônica alitiásica em paciente em choque cardiogênico, visto que houve retorno aos níveis normais de bilirrubina após a cirurgia. A colecistite crônica alitiásica apresenta menor incidência do que a secundária à litíase biliar (que corresponde a 90% dos casos, segundo Mccarthy), além de não apresentar-se como uma das causas comuns de coleperitônio, o que torna esse caso de coleperitônio secundário à colecistite crônica alitiásica relevante no meio acadêmico.

PALAVRAS CHAVE

Coleperitônio; Colecistite crônica alitiásica; vesícula biliar atófica.

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Universidade de Uberaba - Minas Gerais - Brasil

Autores

Anna Laura Baduy Ferreira, Henrique Baduy Ferreira, Lara Borges Cecílio, Bruno José Rodrigues Parreira, Ricardo Batista Santos, Caio Costa Santos, Pâmella Bertoldi Soares, Thaísa Silveira Portelinha Vieira