TÍTULO

CORPO ESTRANHO IMPACTADO EM RETO

INTRODUÇÃO

A presença de corpo estranho no trato gastrointestinal é um dos principais casos atendidos em serviços de urgência e emergência. A presença de corpo estranho no intestino grosso pode ocorrer devido a ingestão ou introdução anal. Os casos de ingestão são muito comuns em crianças, idosos, pacientes desdentados, psiquiátricos ou sob libação alcoolica. Quando ingerido, o corpo estranho pode passar pelo tubo digestivo e ser eliminado espontaneamente, entretanto, em alguns casos, pode impactar no cólon ou reto, com o risco de perfuração da alça intestinal. Alguns exemplos de corpos estranhos ingeridos são moedas, ossos de galinha e espinhos de peixe. Geralmente os pacientes não se recordam de ter ingerido um corpo estranho, o que retarda e dificulta o diagnóstico. A apresentação clínica depende do tipo de corpo estranho, do tempo e da extensão da lesão retal e da presença do objeto no canal anal/reto.

RELATO DE CASO

A.S., 44 anos, hígido, com historia de ingesta de bacalhau há 2 dias. Procurou atendimento em outro serviço, com dor em região perianal e dor ao evacuar, sem sangramentos. Foi tratado como doença hemorroidária, sem melhora do quadro. Procurou novamente o serviço há 1 dia, mantendo o mesmo quadro, com intensificação da dor. Ao exame físico foi identificado corpo estranho pontiagudo em região de reto, não conseguindo extrair ao toque retal. Foi referenciado para o nosso serviço, onde foi evidenciado presença do corpo estranho ao toque retal e solicitado retossigmoidoscopia para diagnóstico e tratamento. No preparo do exame foi realizado fleet via retal que possibilitou uma nova mobilização do corpo estranho. Durante o procedimento da retossigmoidoscopia foi realizada a retirada do corpo estranho sob visualização direta, sem intercorrências, sangramentos ou perfurações intestinais. Paciente evoluiu bem na enfermaria sem sintomas ou sangramentos ativos, recebendo alta hospitalar na sequência.

DISCUSSÃO

A ingestão de corpo estranho é um problema clínico comum e espinhos de peixe são os objetos que mais causam perfurações do trato gastrointestinal. Ao ultrapassar o esôfago, 80 a 90% dos casos tem solução espontânea. 10 a 20% dos objetos estranhos ingeridos impactam em algum segmento do trato digestivo, sendo mais frequentes em locais que possuem alguma angulação, estreitamento anatomo-patológico. A perfuração é uma complicação rara ocorrendo em menos de 1% dos casos e está relacionado ao formato pontiagudo do objeto. Clinicamente nas lesões anais e do reto baixo e médio apresenta-se sangramento de pequena monta e dor anal. O diagnóstico pode ser feito através de radiografia, tomografia computadorizada ou endoscopia. Vale lembrar que objetos estranhos não metálicos, como espinhos de peixe raramente são visualizados em radiografias. A retirada do objeto pode ser realizada manualmente ou através de retossigmoidoscopia, colonoscopia ou intervenção cirúrgica. Apesar de ser raro, o paciente apresentou boa evolução com quase resolução espontânea e sem complicações.

PALAVRAS CHAVE

corpo estranho

Área

COLOPROCTOLOGIA