CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA COLECISTOCOLONICA : UMA COMPLICAÇAO RARA DE COLECISTITE AGUDA LITIASICA

INTRODUÇÃO

A fístula colecistocolônica (FCC) é uma complicação incomum, porém complexa, da doença da vesícula biliar, sendo seu achado incidental relatado entre 0,06% - 0,14% das colecistectomias. Trata-se do segundo tipo mais comum de fístula colecistoentérica com o seu diagnóstico frequentemente realizado durante o intraoperatório, resultando em situação desafiadora para o cirurgião, sendo o manejo dessa entidade controverso.

RELATO DE CASO

DRC, 84a, mulher, admitida com dor abdominal difusa há 6 horas associada a constipação intestinal. Nega cirurgias prévias. EF: abdome globoso, flacido, doloroso difusamente, sem sinais de IP. Sem outras alterações.
Exames:
D0 - Hb 13,3 GL 12360 B0 Plq 277000 Cr 1,2 Ur 52,7 Amilase 2400 Lipase 33546 GGT 480 PCR 6 Lactato 3,3 BT 1,6 BD 1,3
D0 - USG Abdome: Vesícula biliar normoespessas com microcálculos. Hepatocoledoco normal. Pâncreas não visibilizado. Ausência de líquido livre.
D1 - TC Abdome/Pelve: Sinais de pancreatite aguda
Paciente com pancreatite aguda biliar com boa resposta ao tratamento clínico, sendo optado CVL com colangiografia peroperatória.
Peroperatório: Intenso plastrão inflamatório, optado por conversão laparotômica com incisão subcostal tipo Kocher. Identificado empiema de vesícula biliar e fístula colecistocolonica. Realizada colecistectomia e colectomia direita estendida, sendo confeccionada ileocolostomia em dupla boca.
Paciente evoluiu com pneumonia e insuficiência renal com boa resposta ao tratamento clínico, tendo recebido alta em 28º DPO. Reinternação em 49º DPO devido a abscesso em flanco esquerdo sendo realizado tratamento com punção ecoguiada e ATB EV por 10 dias com boa resposta. ANP: Colecistite aguda e inflamação inespecífica do colon.

DISCUSSÃO

FCC é uma complicação rara da colecistite aguda, sendo encontrada em 1/1000 colecistectomias. A idade média de diagnóstico é de 71a e mais comum em mulheres. O diagnóstico é desafiador, sendo realizado no pré op em apenas 7,9% das vezes. Diarreia é o sintoma principal sendo encontrada em 71% dos casos. Já dor em HCD é raramente relatada assim como febre e icterícia. Nenhum método de imagem se mostrou adequado para o diagnóstico, possuindo baixa sensibilidade e especificidade. Em 25% dos casos apresenta-se de forma aguda, geralmente com íleo biliar. Em 25% dos casos, associa-se outra alteração hepatobiliar, incluso colangiocarcinoma em 2% dos casos e, mais comum, fístula colecistoduodenal, devendo-se avaliar em peroperatório a possibilidade de ferramentas diagnosticas como colangiografia ou USG. Sugere-se considerar realização de margem de segurança durante ressecção colonica, se necessária, devido a possibilidade de colangiocarcinoma. O tratamento cirúrgico ainda é controverso.
FCC é uma entidade rara, porém com particularidades. É importante o manejo peroperatório devido a possibilidade de achados associados. O tratamento cirúrgico deve ser individualizado, levando em consideração o paciente e a experiência do cirurgião.

PALAVRAS CHAVE

colecistite, fistula colecistocolonica

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Júlia Kubitschek - FHEMIG - Minas Gerais - Brasil

Autores

Raquel Ferreira Nogueira, Fábio Gontijo Rodrigues, Tarcísio Versiani Azevedo Filho, Marcos Lanna Bicalho, Phelipe Gabriel dos Santos Santana, Thais Andressa Silva Faier, Felipe Figueiredo Maciel, Luis Fernando Resende Marques