CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ENDOMETRIOSE MIMETIZANDO NEOPLASIA DE GLANDULA ADRENAL

INTRODUÇÃO

A endometriose é uma frequente afecção ginecológica, caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora da cavidade uterina. Sua incidência varia de 6 a 10% durante a idade reprodutiva feminina.
Os sítios mais afetados pela doença são os ovários, o ligamento largo e o peritônio parietal pélvico. No entanto, a doença pode ocorrer em diversos outros locais, como tratos urinário e gastrointestinal, pulmões, parede abdominal, cérebro e ossos.
Pela ampla diversidade de apresentação clínica, a endometriose ainda é difícil de ser diagnosticada e tratada. Além disso, sua incidência extrapélvica ocorre em menos de 12% dos casos, dificultando o diagnóstico.
Até o momento, foram descritos apenas 4 casos de tecido endometrial desenvolvendo-se em território adrenal.

RELATO DE CASO

Paciente, feminino, 45 anos, vem ao serviço de urologia com queixas de disúria e polaciúria, trazendo ressonância magnética documentando nódulo adrenal de 4,9 cm e lesão hepática de 2cm.
Pela sintomatologia apresentada pelo laudo trazido, inicia-se investigação solicitando-se análise de sedimento urinário, urinocultura e dosagem de metanefrinas urinárias.
Após resultados laboratoriais, iniciou-se tratamento para a infecção de trato urinário. As metanefrinas urinárias apresentavam-se dentro dos parâmetros da normalidade.
Pelo tamanho da lesão em adrenal e pela concomitância de lesão hepática, aventou-se a possibilidade de lesão maligna, prosseguindo-se com a realização de adrenalectomia laparoscópica.
A peça foi enviada para avaliação histopatológica e a paciente iniciou seguimento ambulatorial. No retorno, o laudo documentava endometriose em adrenal.

DISCUSSÃO

A patogênese exata da endometriose é desconhecida. Seis teorias que explicam a gênese da doença. As mais aceitas são: (1) a implantação de tecido endometrial por meio da menstruação retrógrada; (2) teoria celômica, em que células indiferenciadas do peritônio pélvico convertem-se em células endometriais; (3) teoria do transplante direto, pela qual os focos endometriais são gerados por procedimentos cirúrgicos; e (4) teoria da disseminação celular em que células endometriais disseminam-se por vasos sanguíneos e linfáticos. A ocorrência de endometriose em adrenal pode ser explicada por mais de uma das teorias.
A endometriose apresenta-se como uma massa não funcionante em território adrenal, possuindo diversos diagnósticos diferenciais.
O método mais sensível para investigação de patologias adrenais é a ressonância magnética. Massa maiores do que 3 cm são malignas em até 95% dos casos, a medida que 78% dos casos são benignos quando possuírem tamanho menor do que 3 cm.
A adrenalectomia laparoscópica é o método de escolha para as massas adrenais, podendo ser realizada por via transabdominal ou retroperitoneal. O método permite a visualização e ressecção das lesões, o diagnóstico, no entanto, é histopatológico, podendo ser realizado, inclusive, previamente a cirurgia, através de biópsia guiada por tomografia.

PALAVRAS CHAVE

Endometriose; Adrenal

Área

UROLOGIA

Instituições

Centro Universitário São Camilo - São Paulo - Brasil

Autores

Luiza Travassos da Rosa Netto, Lucas Antônio Pereira do Nascimento, Catarina Midori Ishirugi, José Edmundo Costa Travassos da Rosa