CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

O USO DO RETALHO BUCINADOR NO CANCER LINGUAL

INTRODUÇÃO

O intuito da apresentação da série de casos baseia-se na importância do retalho miomucoso do músculo bucinador na reconstrução da língua, após glossectomia parcial devido à neoplasia maligna deste sítio, a qual possui desencadeadores multifatoriais. O bucinador é um músculo delgado da região jugal, suprido pela artéria facial e bucal, o qual participa da sucção, propulsão alimentar durante a mastigação e assobio, o que requer abordagem cautelosa.

RELATO DE CASO

Será apresentado um vídeo que ilustra uma série de casos estudados, em que a amostra é composta por quatro pacientes do sexo masculino e três do sexo feminino submetidos à técnica citada, nos quais todos apresentavam carcinoma epidermóide. Dentre eles, um evoluiu com perda do retalho por dificuldade técnica e outro apresentou recidiva do tumor e óbito. A abordagem terapêutica que utiliza o recurso do retalho bucinador consiste em: Fase I - extensão do retalho após a ressecção do tumor, evidenciando a área exata a ser implantada. Fase II - delimitação do retalho e confecção do mesmo com dissecção cuidadosa na região do pedículo vascular- artéria e veia bucal- para garantir o suprimento sanguíneo e a funcionalidade. Fase III - o retalho é suturado à língua. Fase IV - fechamento da área doadora. Fase V - realizada entre três e seis semanas após as fases iniciais, com a interrupção da ligadura do pedículo vascular.
As vantagens desse retalho são: oferta de um volume adequado; manutenção da mobilidade lingual; baixa morbidade pós-operatória; semelhança com o tecido receptor; rápida cicatrização e restauração simultânea da área doadora. As limitações são: possibilidade de trauma e isquemia do pedículo vascular e dificuldade de abertura da cavidade oral.

DISCUSSÃO

Apesar dos retalhos livres serem tradicionalmente considerados como alternativa de escolha para a abordagem de patologias na língua, essa técnica é marcada por grandes desvantagens, como um maior comprometimento da área doadora, a necessidade de uma cirurgia longa e complexa, e a exigência de recuperação da mucosa oral a partir de um tecido de revestimento da pele. Atualmente descrito na literatura, a partir do estabelecimento da cirurgia reconstrutiva funcional, a abordagem do câncer bucal deve visar muito além da sobrevida livre de doença. Nesse sentido, é essencial buscar a manutenção da funcionalidade da cavidade oral, com o objetivo de garantir uma boa qualidade de vida, associada à alta taxa de sobrevivência a longo prazo. A série de casos, apesar de ser composta por uma pequena amostra, ao ser analisada juntamente com a pesquisa em literatura, torna possível concluir que os pacientes submetidos a essa técnica possuem melhor capacidade funcional, sem que haja prejuízo da avaliação de possível recidiva tumoral. Ainda que todos esses benefícios sejam comprovados, observa-se que, no Brasil, não foram identificados registros que atestem a aplicação frequente desta técnica.

PALAVRAS CHAVE

CÂNCER LINGUAL; RETALHO BUCINADOR; GLOSSECTOMIA

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais - Brasil

Autores

Ana Flávia Ferreira dos Santos, Beatriz Stabile Martins, Cristiano Machado Ferreira, Julia Silva Marra, Savio de Morais, Sindeval José da Silva, Talissa Gomes Silva de Souza, Veruska Tavares Terra Martins da Silva