CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

DUCTO CISTICO COM IMPLANTAÇAO BAIXA E MEDIAL, REPLETO DE CALCULOS PROMOVENDO COMPRESSAO DA VIA BILIAR EXTRA-HEPATICA – RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

A anatomia da via biliar, em decorrência, de suas numerosas apresentações, continua sendo um desafio ao cirurgião. A familiarização de suas principais variações anatômicas deve servir como guia a todo cirurgião que realiza um procedimento hepato-bilio-pancreático.
Relatamos o caso de uma variação anatômica encontrada em somente 9% da população, em que o ducto cístico se implanta próximo a papila de Vater (1), na sua face medial após ter cruzado o ducto colédoco posteriormente.

RELATO DE CASO

Paciente JGF, 31 anos, masculino, relata que há 6 meses iniciou quadros de pancreatite de repetição (7 episódios), dificuldade de se alimentar (dor abdominal) e icterícia flutuante. Foi encaminhado ao serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo da Universidade de Marília - UNIMAR. Iniciado investigação com ultrassonografia de abdome: colelitíase e dilatação das vias biliares extra-hepáticas. Colangiorressonância: ducto cístico de implantação baixa (próximo da papila de Vater), transpassando o ducto colédoco posteriormente, desembocando em sua face medial, cálculos no interior do ducto cístico com dilatação da via biliar principal. Colangiopancreatografia retrograda endoscópica, devido a anatomia não foi possível a cateterização da via biliar. Procedeu-se a colecistectomia videolaparoscópica, com dissecção do ducto cístico até sua porção pancreática, retirada de cálculos do cístico. Colangiografia intra-operatória com coledocolitíase. Executado coledocotomia com retirada de cálculos da via biliar e dreno de Kehr número 16. Boa evolução, alta no 5 PO, aguardando realização de colangiografia pelo dreno e sua retirada

DISCISSÃO

O ducto cístico se junta ao ducto hepático comum latero-lateralmente, abaixo da confluência dos ductos hepáticos direito e esquerdo. Essa apresentação é considerada normal em 58% da população. Benson e Page classificaram as variações anatômicas congênitas em 5 tipos. Ainda segundo o mesmo autor a junção medial e baixa do ducto cístico próximo a papila de Vater é uma variação anatômica do tipo A e tem uma incidência de apresentação de 10%
Com o número cada vez maior de intervenções cirúrgicas minimamente invasivas, o conhecimento de todo e qualquer tipo de variação anatômica pode significar a diferença entre o sucesso e o desastre do procedimento cirúrgico. Uma vez que, toda e qualquer mudança anatômica associado a outro fator gerador de conflito (inexperiência, processo inflamatório agudo, sangramento, fibrose, etc.), pode tornar a visualização e dissecção mais trabalhosa e ou dificultosa, muitas vezes, não permitindo a realização da visão de segurança, ou até mesmo lesão da via biliar durante a dissecção do infundíbulo.
A presença de uma variação anatômica associada a uma litíase intracístico não foi fator determinante para o insucesso da videolaparoscopia, possibilitando a dissecção do ducto cístico até próximo a sua passagem retrocoledociana e coledocotomia para tratamento da coledocolitíase.

PALAVRAS CHAVES

Ductos Biliares
Variação Anatômica
Colecistectomia

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Universidade de Marília - UNIMAR - São Paulo - Brasil

Autores

Isadora Rubira Furlan, Karina Boaventura Martinelli, Vagner Tadeu Odorizzi Jr, Tiago Paulino Vilela, Samuel Azenha Gregório, Roberto Tussi Jr