CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

INTUSSUSCEPÇAO INTESTINAL EM ADULTO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A intussuscepção intestinal (II) é rara em adultos e corresponde a 1% dos casos de abdome agudo (AA) obstrutivo nessa população. Por ser infrequente, seu diagnóstico é associado a exames de imagem, podendo atrasar a resolução do caso. A rápida identificação de sinais clínicos e radiológicos é essencial para a indicação cirúrgica correta e precoce, melhorando o prognóstico do paciente.

RELATO DE CASO

Mulher, 33 anos, sem comorbidades, admitida com dor abdominal difusa e intensa há 5 dias, associada à inapetência, vômitos enegrecidos, raias de sangue nas fezes e parada da eliminação de flatos.

Exame Físico: regular estado geral, taquicárdica. Abdome difusamente distendido, dor intensa em fossa ilíaca direita, com descompressão brusca. Massa palpável em hemiabdome direito, sem limites definidos. Ampola retal vazia ao toque, sem sangue.

Iniciado suporte clínico. Hemograma com leucocitose sem desvio. Exame radiográfico: dilatação de alças de delgado com pregas coniventes, sinal de “moedas empilhadas”, ausência de ar em ampola retal e de pneumoperitôneo.

Indicada cirurgia com base na história e nos exames físico e radiográficos, compatíveis com AA obstrutivo. Laparotomia exploradora identificou invaginação ileocólica a 200cm do Treitz e importante distensão de ceco e cólon direito, com edema e sofrimento de alças, impedindo redução manual.

Realizada colectomia direita e resseção de íleo terminal, sem intercorrências. Paciente evoluiu bem no pós-operatório, recebendo alta 10 dias após. O anatomopatológico mostrou processo inflamatório de alças, sofrimento tecidual avançado e ausência de causa orgânica que justificasse a II.

DISCUSSÃO

A II é definida como a invaginação do segmento proximal da alça intestinal dentro do lúmen do segmento distal. Essa condição, frequente em crianças, corresponde a 1% dos casos de AA obstrutivo em adultos, corroborando a singularidade do caso descrito.

Em crianças a II é idiopática na maioria dos casos e a redução intestinal pneumática é eficiente em até 80%. Em adultos, 90% são provocados por condição orgânica, como carcinoma. O caso acima é uma exceção nesse sentido, pois o anatomopatológico descartou causa orgânica subjacente.

A tomografia computadorizada (TC) é o método de maior acurácia para confirmar o diagnóstico, mas provoca exposição à radiação ionizante e, diante do quadro de AA obstrutivo, não deve retardar cirurgia. Novamente o caso acima se destaca, pois a apresentação clínica típica permitiu a indicação cirúrgica correta sem TC.

Atualmente a TC é usada nos quadros de AA na investigação de complicações, como isquemia intestinal, para programar o momento da intervenção. Contudo a realização da TC não impede a evolução para essa complicação, aumentando o risco de resseção de uma alça previamente hígida.

Devido ao risco significativo de malignidade associada, de até 73%, descompressão radiológica é contraindicada em adultos e o melhor tratamento segundo literatura atual é a resseção cirúrgica.

PALAVRAS CHAVE

Intussuscepção
Diagnóstico
Abdome agudo

Área

TRAUMA

Instituições

Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

Isabela Gusson Galdino dos Santos, Laísa Simakawa Jimenez, Marina Andrade Macedo Pacetti Miranda, Luigi Carlo da Silva Costa, Vitor Kruger, José Benedito Bortoto, Gustavo Pereira Fraga, Elcio Shiyoiti Hirano