TÍTULO

DIVERTICULITE AGUDA JEJUNOILEAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A diverticulite aguda do intestino delgado secundária à diverticulose jejunoileal é uma condição extremamente rara. A incidência de diverticulose jejunoileal é de 0,3 a 2,3%, e a mortalidade por diverticulite aguda varia de 21 a 40%, na dependência das complicações e comorbidades. Acomete principalmente o segmento jejunal e leva a um quadro de abdome agudo inflamatório. É mais prevalente em idosos, com discreta predileção pelo sexo masculino.

RELATO DE CASO

Homem, 65 anos, com queixa de dor abdominal periumbilical de início há 8 meses, com piora há um dia, em cólica, forte intensidade, associada a febre de 38 ºC e náuseas. Estável hemodinamicamente, com abdome distendido, dor difusa à palpação superficial e descompressão brusca positiva periumbilical. Nos exames laboratoriais, evidenciou-se leucocitose, com ausência de bastões, e proteína C reativa elevada. A tomografia computadorizada de abdome com contraste intravenoso caracterizou múltiplos divertículos em segmentos de jejuno e íleo, com sinais de processo inflamatório agudo. Optou-se inicialmente pelo tratamento não operatório com reposição volêmica de cristaloides e antibióticos de amplo espectro, porém não houve melhora clínica. Dessa forma, o paciente foi submetido à laparotomia exploradora, com ressecção de 120 cm de jejuno e íleo proximal. Apresentou boa evolução, com alta hospitalar no sétimo dia de pós-operatório.

DISCISSÃO

Uma revisão da literatura encontrou 33 casos descritos de diverticulite aguda de intestino delgado, excluindo-se as diverticuloses de duodeno. Em relação ao perfil epidemiológico, a média de idade dos pacientes foi de 69 anos, com discreto predomínio no sexo masculino. A região mais comumente acometida foi o jejuno, sendo o diagnóstico confirmado por TC de abdome. A maioria dos pacientes foi submetida a tratamento cirúrgico. A diverticulose do intestino delgado costuma ser assintomática. Quando sintomática, na forma de diverticulite aguda jejunoileal, apresenta-se como abdome agudo inflamatório. Em geral, o diagnóstico de certeza da diverticulite aguda jejunoileal é apenas intraoperatório. Entretanto, é possível ter a confirmação da doença por meio de exames de imagem. Nesse contexto, a TC de abdome mostra-se como um exame de boa acurácia. A intervenção cirúrgica deve ser reservada aos casos com sintomatologia persistente, peritonite difusa, instabilidade hemodinâmica ou disfunções orgânicas. Por se tratar de uma condição pouco frequente, com apresentação clínica semelhante a outras afecções do trato gastrointestinal, porém com risco de peritonite e sepse abdominal, a diverticulite jejunoileal tem relevância clínica como um diagnóstico diferencial a ser considerado em quadros de abdome agudo inflamatório cuja evolução seja desfavorável.

PALAVRAS CHAVES

Abdome agudo, diverticulite, intestino delgado, jejuno, laparotomia.

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO