CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO DE BASE DE LÍNGUA: UMA CAUSA INCOMUM DE OBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA

INTRODUÇÃO

O abscesso de língua é uma entidade rara com poucos casos descritos na literatura, na qual tem um grande potencial de risco à vida por comprometer a via aérea e disseminar infecção para outras regiões, constituindo um desafio clínico.

RELATO DE CASO

V. F. S, sexo masculino, 36 anos, com histórico de perfuração da língua há 1 semana com corpo estranho, provavelmente espinho de pequi (Caryocar brasiliense), evoluindo com dor local, febre, edema na língua, estendendo-se para hemiface direita e região submentoniana, com exsudato purulento espontâneo pela face póstero lateral direita da língua após 6 dias da lesão, associada à leve dispneia e disfonia. Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral, febril (38º), anictérico, acianótico, pressão arterial 130x90 mmHg, 122 bpm, sat02 98%. À ectoscopia, apresentava edema de face à direita e região submentoniana, abaulamento e sinais flogísticos em região cervical. O exame da cavidade oral evidenciava glossite extensa, edemaciada e ponto de drenagem espontânea de pus em região póstero-lateral direita. Laboratorialmente apresentava leucocitose (13.500) às custas de segmentados (71%). Tomografia de pescoço e face evidenciou heterogenicidade da densidade associado a aumento irregular da base da língua a direita, determinando significativo estreitamento da luz traqueal. Iniciou-se suporte clínico e antibioticoterapia endovenosa com amoxicilina e clavulonato. Devido ao risco de obstrução das vias aéreas superiores de forma súbita pelo edema inflamatório da orofaringe, optou-se pela realização de traqueostomia no intra-operatório e drenagem cirúrgica ampla de língua e região mentoniana com instalação de drenos tubulares e tampão oral. Não foi encontrado nenhum corpo estranho na língua. O paciente evoluiu satisfatoriamente, com melhora importante do estado geral já no pós-operatório imediato. Recebeu alta no terceiro dia de pós-operatório com antiobioticoterapia oral por 21 dias com esquema de ciprofloxacino e metronidazol e retirada de traqueostomia em caráter ambulatorial.

DISCUSSÃO

Observa-se que o caso exposto, a etiologia do caso é incomum e até o momento não foi encontrada em outras literaturas causa semelhante para o abscesso. A principal hipótese seja que o abscesso tenha se formado devido à presença de espinho de pequi (Caryocar brasiliense), levando à infecção do terço posterior e formação do abscesso lingual. O tratamento consiste em manter a permeabilidade da via aérea, drenagem do abscesso e terapia com antibióticos. A terapia empírica baseia-se nos microrganismos mais comumente responsáveis pelo abscesso de língua segundo a literatura. Em nosso caso, iniciou-se a antibioticoterapia endovenosa com amoxicilina e clavulanato por serem os disponíveis na instituição naquele momento. Posteriormente, foi prescrito esquema de ciprofloxacino e metronidazol por 21 dias, antimicrobianos que abrangem os germes mais encontrados na cavidade oral.

PALAVRAS CHAVE

Abcesso de língua; obstrução de via aérea

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

Hospital Estadual e Pronto Socorro João Paulo II - Rondônia - Brasil

Autores

DIEGO ANTONIO DE ALMEIDA NUNES, Erika Dutra, Vanderlei Pereira Lima