CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO DE FISTULAS INTESTINAIS SEM LAPAROTOMIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A peritonite é a inflamação da serosa que recobre a parede interna do abdome e desenvolve-se quando há infecção intra-cavitária por bactérias ou suas toxinas. Dentre suas etiologias está a perfuração intestinal na complicação fistulizante da Doença de Crohn, que ocorre em 35% dos pacientes na vigência de atividade da doença. As recomendações de tratamento medicamentoso ou cirúrgico dependem da localização da doença, intensidade das manifestações, resposta à terapia medicamentosa prévia e presença de complicações. A lavagem peritoneal com solução fisiológica 0.9% não apresenta relato literário no manejo da Doença de Crohn, porém já foi descrita em casos de infecção peritoneal por diverticulite perfurada, estudos com peritonite fecal em ratos e mostrou redução nos casos de sepse quando indicada no tratamento de pancreatite aguda.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 13 anos, com história de dor abdominal difusa, febre e instabilidade hemodinâmica foi encaminhado para UTI e solicitada avaliação da equipe de cirurgia geral, na suspeita de apendicite, que indicou laparotomia exploradora. No intraoperatório observaram-se 6 perfurações em intestino delgado com peritonite fecal. Foi realizada rafia primária das lesões com lavagem da cavidade abdominal utilizando soro fisiológico 0.9% e retirado fragmento intestinal para análise anatomopatológica. O diagnóstico de doença de Crohn foi confirmado através da biópsia e o paciente evoluía de forma satisfatória até que observou-se saída de material fecal pelos dois dreno de Waterman fixados no abdome após abordagem cirúrgica. O mesmo foi levado novamente para laparotomia onde realizou-se rafia primária de duas deiscências de sutura e troca dos drenos. No 7o dia de pós operatório houve saída de material intestinal de baixo débito pelos drenos. Na tentativa de poupar o paciente de novas abordagens cirúrgicas a equipe decidiu utilizar ambos os drenos abdominais para lavagem peritoneal. A cada 3 dias era infundido cerca de 4 litros de soro fisiológico 0.9% no abdome do paciente, até apresentar saída espontânea de líquido claro. O procedimento foi repetido 5 vezes ao longo de 15 dias levando ao fechamento completo e cicatrização das fístulas com melhora do quadro de peritonite, sem necessidade de nova abordagem cirúrgica.

DISCUSSÃO

Por não haver relato na literatura sobre a abordagem realizada no tratamento de peritonite fecal por Doença de Crohn, o caso em questão deve abrir a discussão para o manejo menos agressivo do tratamento desta afecção, evitando abordagens cirúrgicas repetidas nos pacientes que não poderiam ser submetidos a outros traumas operatórios, sem interferir na morbi-mortalidade significativamente, beneficiando a pronta recuperação e uma alta com melhor estado geral do mesmo.

PALAVRAS CHAVE

Lavagem peritoneal, Doença de Crohn, fístulas intestinais

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Hospital San Paolo - São Paulo - Brasil

Autores

Maria Xavier Castro, Guilherme Baladi, Ervin San Martin, Hernan Escobar Torrico