CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

COLITE ISQUEMICA OBSTRUTIVA POR RADIOTERAPIA

INTRODUÇÃO

O uso da radioterapia visando o tratamento das neoplasias pélvicas (principalmente a próstata, bexiga, reto e o útero) é mundialmente difundido. Apesar dos evidentes benefícios, essa modalidade terapêutica não está isenta de complicações, principalmente as tardias. A proctopatia actínica é definida com inflamação crônica do reto, pela radiação. Ela pode ocorrer em 2% a 17% dos pacientes, submetidos a radioterapia pélvica. As lesões resultantes desse processo inflamatório, podem variar desde isquemia tecidual, ulcerações, estenoses até fístulas com órgãos vizinhos, como bexiga e vagina.

RELATO DE CASO

Z.M.S., 53 anos, sexo feminino, procurou o serviço de coloproctologia, com quadro de dor abdominal tipo cólica, forte intensidade, hematoquezia e fezes afiladas há cerca de 30 dias. Relatava que havia sido submetida a radioterapia pélvica e quimioterapia, há cerca de 4 meses, devido adenocarcinoma endocervical invasor, moderadamente diferenciado, estadiamento IIIB. Diante do quadro, foram solicitados uma RNM pélvica para reestadiamento da lesão pélvica e uma colonoscopia para investigação. A colonoscopia evidenciou lesão neoplásica vegetante, obstrutiva, ocupando a maior parte da luz, na transição retossigmoideana. As biópsias apontaram um adenoma tubular com atipias citológicas moderadas. A RNM apontou uma lesão estenosante na transição retossigmoideana, com sinais de envolvimento da serosa e linfonodomegalia. Devido o quadro semi-obstrutivo, foi optado pela retossigmoidectomia associado a linfadenectomia pélvica. Paciente evoluiu sem intercorrências, recebendo alta no quinto dia pós operatório. Anátomo patológico da lesão compatível com adenoma tubular com atipias citológicas moderadas, associado a processo inflamatório agudo gangrenoso ulcerado. Margens livres de neoplasias e linfonodos sem sinais de acometimento neoplásico.

DISCUSSÃO

O tecido linfático, a medula óssea e a mucosa do trato gastrintestinal são sensíveis á radioterapia. O reto e o sigmoide são quase sempre atingidos pelo tratamento do câncer genital feminino. A retocolitite pode se manifestar imediatamente ou meses após a exposição radioterápica. O diagnóstico deve ser suspeitado em pacientes que foram submetidos a radioterapia pélvica e que apresentam as manifestações relacionadas, em ordem de frequência, sangramento, diarreia, proctalgia e tenesmo. A colonoscopia é o melhor exame diagnóstico, permitindo a identificação e classificação das lesões. O estudo histopatológico contribui para o diagnóstico, principalmente para a exclusão do carcinoma, podendo ser incaracterístico. O tratamento da retite actínica hemorrágica não responsiva as medidas clínicas, pode ser feito pela aplicação tópica de Formalina, alguns autores sugerem o uso do Sucralfato, devido ao seu baixo custo e praticidade. Porém, os melhores resultados são com o uso do plasma de argônio de alto custo e baixa disponibilidade. O tratamento cirúrgico deve ser reservado aos casos de estenose severa.

PALAVRAS CHAVE

adenoma tubular, colite isquêmica, radioterapia

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Universidade de Uberaba, UNIUBE - Minas Gerais - Brasil

Autores

Pâmella Bertoldi Soares, Caio Costa Santos, Thales Marques Correia, Glênio Fernandes Moraes, Guilherme Pereira da Silva, Rafael Fernandes Brasileiro