CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

LINFOMA NAO HODGKIN DE APENDICE EM PACIENTE HIV: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Linfomas primários de apêndice são raros, com incidência aproximada de 0,015% dentre os tumores gastrointestinais. Clinicamente, mimetizam apendicite aguda, acarretando diagnóstico essencialmente pós-operatório, histopatológico. Sua rara incidência dificulta discussão e estabelecimento de diretrizes terapêuticas, além de acarretar em escassez de publicações. Relatamos o caso de um paciente submetido à ressecção cirúrgica por hipótese de apendicite aguda posteriormente diagnosticado com Linfoma não-Hodgkin (LNH).

RELATO DE CASO

Atendimento em 05/ 2018: paciente masculino, 44 anos, branco, HIV e toxoplasmose em SNC, ambos em tratamento. Apresentava dor em fossa ilíaca direita (FID), associada à mobilização do membro inferior isolateral, há 15 dias. Evoluiu com febre vespertina após 5 dias do início do sintoma álgico. Ao exame físico: abdome plano, flácido e doloroso à palpação profunda em FID, que apresentava plastrão. Exames relevantes: PCR 16 (normal < 0,3 mg/dl) e Tomografia Computadorizada (TC) sem contraste (alergia): formação complexa heterogênea, posterior ao ceco, aproximadamente 6 cm de diâmetro e densificação dos planos adiposos adjacentes sugestiva de inflamação indeterminada.Ressonância Magnética contrastada acrescentou: liquefação central e perda de limites com metade distal do apêndice, inferindo componente abscedado. No 3º dia de internação, optou-se pela abordagem cirúrgica: colectomia direita, linfadenectomia, enterectomia e íleo-transverso-anastomose. A congelação mostrou supuração aguda, sem malignidade. Evoluiu sem intercorrências. Após, anatomopatológico diagnosticou LNH em apêndice, hiperplasia linfóide adjacente e linfonodos livres, confirmado por imuno-histoquímica. Recebeu alta no 5° dia pós operatório e permanece em acompanhamento com equipe cirúrgica e oncológica, realizando quimioterapia atualmente

DISCISSÃO

Os tumores de apêndice cecal são encontrados em menos de 3% dos resultados de apendicectomia e raramente possuem manifestações clínicas. Estas, quando presentes, mimetizam quadro de apendicite aguda levando à realização de cirurgias de emergência. A TC contrastada pode identificar linfadenopatia abdominal, dilatação do lúmem ou diâmetro do apêndice >15 mm, sugestivos de neoplasia. Ainda mais raros são os os linfomas primários de apêndice cecal, especialmente o LNH. Estudo com 1621 pacientes submetidos à apendicectomia encontrou apenas 1 caso de LNH. Dentre os seus fatores de risco, o principal fator isolado é a imunossupressão: pacientes com HIV possuem maior risco de desenvolvê-lo e maior risco de morte associada. Não foram encontradas diretrizes para tratamento do LNH de apêndice, a maioria dos artigos sugere abordagem multimodal: cirurgia, químioterapia e radioterapia. A literatura, principalmente recente e nacional, contempla poucas publicações com a temática deste caso. Este relato visa realçar a inclusão de linfomas como diagnóstico diferencial em suspeitas de apendicite.

PALAVRAS CHAVES

Apendicite; Linfoma; não-Hodgkin; HIV

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital Alemão Oswaldo Cruz/ Universidade de Taubaté/ Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Larissa Coutinho, Otávio Schmidt de Azevedo, Daniel Kendi Fukuhara, Márcio Carmona Marques, Otávio Baiochi, Bruna do Nascimento Santos Crouzillard