CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

PNEUMOPERITONIO SECUNDARIO A PNEUMATOSE CISTICA INTESTINAL

INTRODUÇÃO

Pneumatose Cística Intestinal (PCI) é rara e caracterizada por múltiplas infiltrações gasosas da parede do tubo digestivo, principalmente intestino delgado e cólon, na submucosa ou subserosa. Sua etiologia não é bem definida, principalmente por causa da multiplicidade de fatores envolvidos e poucos trabalhos relatando sua epidemiologia, sendo as teorias aceitáveis: a mecânica, associada a doenças, traumas ou procedimentos intervencionistas e a bacteriana que se associa a bactérias anaeróbicas produtoras de gases decorrente de doenças.

RELATO DE CASO

Feminino, 89 anos, hipertensa e com antecedente de histerectomia há 40 anos por miomatose, em consulta de rotina com cardiologista, solicitado radiografia de tórax. No retorno, queixou-se de dor e distensão abdominal de 5 dias de evolução, sendo evidenciado pneumoperitônio à radiografia. Em avaliação com Cirurgia, solicitada Tomografia Computadorizada (TC) de abdome que confirmou a presença de pneumoperitônio além de mínima quantidade de líquido na cavidade abdominal. Indicada laparotomia exploradora. Após abertura notou-se saída de ar da cavidade e ao inventário, foram visualizadas lesões císticas esparsas com conteúdo gasoso na borda mesentérica do jejuno, compatíveis com PCI, sendo uma delas com fibrina aderida, não sendo identificado lesão de serosa. Paciente evoluiu no pós-operatório (PO) com melhora da dor abdominal, sem intercorrências e com alta no 7º PO.

DISCUSSÃO

PCI é causada por vários processos fisiopatológicos e geralmente é considerado um fenômeno idiopático primário ou secundária a outra condição clínica, sendo esta a principal forma. No presente caso, após completa investigação, concluímos que o pneumoperitônio é idiopático. A fonte desses cistos gasosos é o lúmen intestinal e a ruptura destes parece ser a provável causa de pneumatose secundária a cistos intestinais. Não há sintomas específicos, os pacientes podem cursar com dor e distensão abdominal, como apresentou a nossa paciente, diarreia, fezes com muco ou sangue. Em geral, o diagnóstico é dado pela radiografia do abdome e a imagem característica é semelhante a uvas ao longo da parede do intestino. Embora, poucos diagnosticos foram feitos através de uma TC abdominal, este é um modo útil, pois fornece informações de outras patologias abdominais. O tratamento pode ser feito de forma conservadora, para aqueles pacientes em bom estado geral e sem sinais de peritonite. A cirurgia é reservada para casos de suspeita de obstrução ou perfuração intestinal. É válido ressaltar que frente ao pneumoperitônio, ainda devemos manter a clássica conduta, após sua identificação radiológica, de tratamento cirúrgico, independente de sua etiologia, sem gerar para isto maior morbimortalidade ao nosso paciente, visto que os riscos inerentes à laparotomia exploradora não suplantam os riscos de se deixar uma possível causa de pneumoperitônio sem tratamento, não justificando retardá-lo em busca de uma.

PALAVRAS CHAVE

Pneumatose Cística Intestinal, Pneumoperitônio

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Faculdade Ceres - São Paulo - Brasil

Autores

Amanda Cristina Netto Guerra, Natassia Alberici Anselmo, Giovanna Giulia Milan Pellicciotta, Raphael Raphe, Paulo Eduardo Zerati Monteiro