TÍTULO

AVALIAÇAO NAO INVASIVA DE FIBROSE EM CANDIDATOS A CIRURGIA BARIATRICA COM DOENÇA HEPATICA GORDUROSA NAO ALCOOLICA

OBJETIVO

Comparar diversos métodos não invasivos preditores da fibrose, incluindo a elastografia pelo método ARFI e os escores APRI, Forns, FIB-4, NFS e BARD, em pacientes com obesidade mórbida e doença hepática gordurosa não alcoólica candidatos à cirurgia bariátrica.

MÉTODO

Incluídos 86 pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica, com IMC médio de 47kg/m2, acompanhados prospectivamente de julho de 2015 a dezembro de 2016 em um hospital universitário. Todos os pacientes foram avaliados com dosagens laboratoriais e elastografia ARFI em até um mês antes da cirurgia bariátrica. Pacientes com outras hepatopatias associadas foram excluídos do estudo. A elastometria hepática foi realizada por um único especialista, "cego" para os demais parâmetros clínicos, com o equipamento Acuson S2000 da Siemens. Foram aferidas, para cada paciente, 10 aquisições da Velocidade da onda de cisalhamento sob diferentes profundidades nos segmentos V e VIII do fígado. As biópsias, realizadas como primeiro procedimento da cirurgia bariátrica, foram revisadas por um único patologista experiente. A esteato-hepatite não alcoólica e a fibrose hepática foram graduadas e classificadas de acordo com a pontuação “NASH Clinical Research Network” proposta por Brunt. A elastografia ARFI e os resultados das pontuações matemáticas foram comparados com os achados da biópsia hepática. A área sob a curva ROC (AUC ROC) foi calculada para todos os testes.

RESULTADOS

Na biópsia hepática, 29 pacientes (42%) apresentaram algum grau de fibrose, 13 pacientes (18,8%) apresentaram fibrose significativa (F2-4). Houve maior proporção de diabéticos no grupo de pacientes com fibrose significativa (p<0,001). Os testes não invasivos FIB-4, Forns, APRI e NFS apresentaram correlação estatisticamente significante com a presença de fibrose significativa. Os melhores testes para a predição de fibrose significativa foram os escores FIB-4 e Forns (AUC ROC 0,79), seguidos do APRI (AUC ROC 0,72), NFS (AUC ROC 0,71), BARD (AUC ROC 0,69) e da elastografia ARFI (AUC ROC 0,57). Medidas ARFI válidas puderam ser aferidas em todos os pacientes, no entanto, 73,9% preencheram o critério do intervalo interquartil. Maiores distâncias entre a pele e a cápsula hepática correlacionaram-se com medidas ARFI inválidas. Para prever fibrose significativa (F ≥ 2), com o ponto de corte 1,33m/s, ARFI apresentou sensibilidade (Se) de 77,8% e 55,8% de especificidade (Es). O teste FIB-4 apresentou Se de 77% e Es de 80% em predizer fibrose significativa com ponto de corte 0,8. Já o escore Forns pôde predizer fibrose significativa com Se de 85% e Es de 70% pelo ponto de corte 3,5.

CONCLUSÕES

Os testes FIB-4 e Forns apresentaram boa acurácia e desempenho superior no diagnóstico de fibrose significativa em obesos com doença hepática gordurosa não alcoólica, candidatos à cirurgia bariátrica. A elastografia hepática pelo método ARFI demonstrou aplicabilidade limitada nesta população.

PALAVRAS CHAVE

Obesidade, fibrose hepática, elastografia ARFI

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE