CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: ABDOME AGUDO EM MENINA DE 10 ANOS COM HIMEN IMPERFURADO

INTRODUÇÃO

O hímen imperfurado (HI) é a causa congênita mais comum de obstrução ao fluxo menstrual e seu diagnóstico é feito pela simples inspeção da genitália externa, o que comumente não é feito em casos de abdome agudo. O relato é o caso de uma menina de 10 anos com dor abdominal e amenorreia primária, que teve a hipótese de HI em conseqüência da presença de hematocolpo na ultrassonografia (US).

RELATO DE CASO

N.C.S., 10 anos, sexo feminino, em amenorreia primária, deu entrada no pronto-socorro do Hospital Geral de São Mateus em Julho de 2017, com queixa de dor abdominal em hipogástrico irradiada para o pube e sacro há 4 meses, com piora há 2 dias, acompanhada de disúria. Ao exame físico encontrava-se em bom estado geral, eupneica,corada, hidratada e afebril. O abdome encontrava-se globoso, flácido, doloroso em hipogástrico, sem massa palpável, com descompressão brusca positiva. A radiografia de abdome, Urina I, hemograma e proteína C reativa e ultrassonografia de abdome eram normais. A US pélvica revelou: imagem de sangue no interior da vagina sugestiva de hematocolpo. Após o resultado da US, fez- se a inspeção do períneo, encontrando classificação de Tanner M3 P3 para caracteres sexuais secundários, e abaulamento himenal, concluindo-se a hipótese diagnóstica de hímen imperfurado. O tratamento cirúrgico de himenotomia foi instituído havendo saída de aproximadamente 1 litro de sangue viscoso escurecido. A paciente recebeu antibiótico e evoluiu com melhora importante da dor, recebendo alta hospitalar após 24 horas da cirurgia. A menor segue em acompanhamento ambulatorial.

DISCUSSÃO

A incidência de HI é baixa, mas há relatos de casos em mesma família, ligados a herança autossômica recessiva.O diagnóstico de hímen imperfurado é feito pela inspeção perineal diante da presença de abaulamento himenal geralmente azulado, sem nenhum pertuito visível. É comumente encontrado em pacientes do sexo feminino com caracteres sexuais secundários bem definidos, que não apresentaram a menarca, com história de dor abdominal pélvica irradiada para o pube e região lombar, com evolução de 4 a 15 meses em média, com presença de massa pélvica fixa, globosa, amolecida, dolorosa à palpação, que pode causar queixa de disúria e constipação intestinal.Quanto mais tardio o diagnóstico, maiores as complicações como distensão retrógrada das trompas, podendo levar à endometriose, ruptura uterina, aderências pélvicas e infertilidade.A US permite fazer o diagnóstico de hematocolpo, hidrometrocolpo, hematossalpinge, ruptura uterina, avalia se existem malformações Müllerianas e renais e se há necessidade de laparotomia exploradora.Uma vez diagnosticado o hímen imperfurado, o tratamento consiste em uma incisão cruciforme no hímen e drenagem do hematocolpo. A abordagem deve ser cuidadosa em função das implicações sociais, psicológicas, culturais e religiosas.O seguimento pós-alta deve ser feito para avaliar se houve recidiva do fechamento himenal, e acompanhamento ultrassonográfico de regressão do hematocolpo.

PALAVRAS CHAVE

hímen

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

HOSPITAL GERAL DE SÃO MATEUS - São Paulo - Brasil

Autores

RAYANNE GONÇALVES DOS SANTOS, ELAINE UNGESBOCK AUGUSTO LIN, JULIA ELEONORA DRIZUL HAVRENNE, ALVARO EDMUNDO SIMÕES ULHOA CINTRA, RAFAELLA HENRIQUES CAVALCANTI TORRES DE MELO, JULIANA MEGUMI MACIEL ARIE, SU BONG KIM, KLEBER SAYEG