CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

EVOLUÇAO TERAPEUTICA DE PANCREATITE NECROHEMORRAGICA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Pancreatite aguda pertence às cinco principais causas de abdome agudo nos serviços de urgências. Em 20% apresenta-se na forma de pancreatite grave. A pancreatite necro-hemorrágica representa a variante mais grave do espectro de apresentações clínicas da pancreatite. O manejo cirúrgico é reservado para tratamento das complicações, como necrose infectada, ou esclarecimento diagnóstico inicial.

RELATO DE CASO

Feminino, 22 anos, apresentou dor abdominal com evolução de quatro dias e piora progressiva em 12h, associada a vômitos, parada da eliminação de flatos e fezes. Ao exame físico tinha fácies de dor, taquicardia, taquidispineia e sinais de irritação peritoneal. Nos exames laboratoriais tinha Amilase: 1242, TGO: 56, TGP: 125, leucocitose com desvio à esquerda. Foi submetida à Laparatomia Exploradora sendo encontrado lesões em "pingo de vela" difusas, compatíveis com pancreatite necro-hemorrágica, comprometimento extenso da cauda pancreática e líquido hemorrágico. Realizado drenagens de loja pancreática e da cavidade. A USG de Abdome Superior evidenciou colelitíase. Ficou internada na UTI por 38 dias. Inicialmente, teve piora clínica com pico febril, taquipneia e leucocitose com desvio a esquerda apesar do uso de Meropenem. Optado pela reabordagem cirúrgica sendo encontrado nodulações em "pingo de vela" em omento, órgãos intra-abdominais e peritônio visceral, mas pâncreas sem coleções ou áreas de necrose. Colocado dreno em loja pancreática. Realizou-se outra reabordagem devido à presença de coleções intra-abdominais na TC de abdome. Na cavidade havia secreção com pus e tecido necrótico, além de loja em epigástrio peripancreático com saída de secreção necrótica e purulenta. Drenou-se os abscessos, colocou-se drenos parietocólico, epigástrico e em flanco esquerdo para irrigação contínua. Evoluindo bem foi transferida para Enfermaria da Clínica Cirúrgica. Feito TC de abdome com contraste que mostrava coleção/necrose peripancreática indo para o hilo hepático e coleção intraperitoneal ambas com gás de permeio. Permanece internada até o momento do relato sem previsão de alta.

DISCUSSÃO

De acordo com a classificação de Atlanta (2012), considera-se pancreatite grave quando há falência orgânica e/ou complicações locais: coleções líquidas, pseudocisto ou necrose. Esta forma ocorre em 20% dos casos e resulta em até 40% de mortes. Em um primeiro estágio a disfunção sistêmica produzida pela exacerbada resposta inflamatória é a principal causa de óbito, mais tardiamente, a partir da segunda ou terceira semanas, prevalece a repercussão sistêmica decorrente da infecção das complicações locais. A abordagem cirúrgica faz-se necessária em casos específicos, como em dúvida diagnóstica inicial e tratamento das complicações. Uma vez feito laparorrafia, o abdome deve ser mantido em sistema de irrigação contínua. A permanência hospitalar prolongada e a morbimortalidade aumentam significativamente na pancreatite grave, como observado no caso relatado.

PALAVRAS CHAVE

Pancreatite necro-hemorrágica, pancreatite grave

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Regional do Gama - Distrito Federal - Brasil

Autores

Angélica dos Santos Santos, Bárbara Ferreira Dutra, Brener Rafael Nascimento, Cinthya Clara Silva de Sousa, Guilherme Felipe Faria Lobo, Indianna Beatriz Mendes de Andrade