CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDICITE NA GESTAÇAO: UM DESAFIO DIAGNOSTICO.

INTRODUÇÃO

A apendicite aguda é a causa não-obstétrica mais comum de intervenção cirúrgica na grávida. Cerca de 90% das mulheres grávidas encontram-se abaixo dos 30 anos de idade, coincidindo com o pico de incidência da apendicite na população geral. Tal diagnóstico é desafiador haja vista que sistemas de escores para diagnóstico da apendicite na população geral, como a Escala de Alvarado e Escala de Alvarado Modificada, não se aplicam à população obstétrica.

RELATO DE CASO

Jovem, feminino, 23 anos de idade, em sua terceira gestação, com dois partos normais prévios e zero abortos, procurou auxílio médico no serviço de emergência obstétrica apresentando abdome agudo. Sem apresentação clínica clássica, ou típica de qualquer etiologia específica, procedeu-se à investigação diagnóstica por meio de testes bioquímicos e exames de imagem, os quais, no entanto, se mostraram inconclusivos. Somente o procedimento de laparotomia exploratória foi capaz de estabelecer o diagnóstico etiológico de apendicite aguda em fase perfurada, bem como seu tratamento definitivo. Sem queixas, evoluiu bem no pós-operatório com padrões fetais dentro da normalidade. Atualmente, após alta hospitalar, aguarda término da gestação em acompanhamento pré-natal regular.

DISCISSÃO

O estudo cohort retrospectivo concluiu que os dados clínicos apenas não são suficientes para diferenciar, de forma significante, as gestantes com apendicite daquelas sem a mesma patologia. O mesmo estudo, mostrou a contagem global de leucócitos como o melhor preditor clínico de apendicite na gestação, ainda que de forma modesta. Mulheres com ≥ 15000 leucócitos apresentaram maior chance de diagnóstico, e aquelas com > 18000 apresentaram ainda 10 vezes mais chance. Ao analisar o caso aqui relatado, podemos perceber que a paciente em questão não apresentava critérios clínicos muito sugestivos de apendicite: vômito, hiporexia, dor em quadrante superior direito (QSD) e contagem global de leucócitos de 11.700; sugerem apenas abdome agudo. Já Kapan afirma que qualquer gestante com dor abdominal à direita, associada à defesa abdominal e febre deve ser considerada um caso suspeito de apendicite aguda até que se prove o contrário. No entanto, nossa paciente não apresentou febre. Dessa forma, está ilustrado nesse caso a dificuldade de diagnosticá-la etiologicamente.
Deve-se suspeitar, portanto, de apendicite na gestão em toda grávida com dor abdominal aguda à direita associada à defesa abdominal e febre. Além disso, abdome agudo associado a contagem global de leucócitos ≥ 18000 possui grande chance de ter a apendicite como etiologia.

PALAVRAS CHAVES

Apendicite aguda; Gestação; Diagnóstico.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

Universidade Federal do Acre - Acre - Brasil

Autores

Ana Clara Leal Soares, Feliph Miquéias Alcântara de Souza, João Abner Marins Munhoz , David Smangoszevski Martins, Ana Paula Lottici de Brito, Romeu Paulo Martins Silva