CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCOPICA EM UMA PACIENTE PORTADORA DE SITUS INVERSUS TOTALIS - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Situs inversus é a condição clínica na qual os órgãos das cavidades torácica e abdominal estão posicionados no lado oposto do habitual no plano sagital, caracterizando o que se denomina “imagem em espelho”. Trata-se de uma condição de origem genética, rara (0,01 % da população) e assintomática. (1) Na ocorrência de alteração topográfica das vísceras abdominais e dextrocardia, define-se situs inversus totalis, subtipo mais frequente. (2) Apesar de ser facilmente reconhecido em exames radiológicos, é um fator importante de confundimento e dificuldade técnica durante o procedimento cirúrgico. A incidência de litíase biliar nesta população é semelhante a população geral (3). A primeira colecistectomia videolaparoscópica foi descrita por Mouret et col em 1987 (4). Apesar de pouco realizada, a colecistectomia videolaparoscópica no paciente com situs inversus totalis precisa ser padronizada.

RELATO DE CASO

Mulher, 24 anos, admitida com dor em hipocôndrio esquerdo e epigástrio de forte intensidade com piora após a ingestão de alimentos gordurosos. Trouxe ultrassonografia de abdome realizada há 2 meses da primeira consulta que evidenciou situs inversus totalis, colelitíase de até 3 mm, sem dilatação de vias biliares. Bilirrubinas e enzimas canaliculares normais. Foi submetida à colecistectomia videolaparoscópica, sem intercorrências. Técnica: Passagem dos trocartes posicionados como imagem em espelho da colecistectomia videolaparoscópica clássica, isto é, os trocartes de 5 mm foram introduzidos abaixo do rebordo costal esquerdo, na linha hemiclavicular, e no ponto médio da linha que une o rebordo costal à espinha ilíaca ântero-superior na linha axilar anterior esquerda, com o cirurgião posicionado a direita do paciente. Na mão direita do cirurgião, através do trocarte de 5 mm, foi introduzido o bisturi elétrico e na mão esquerda foi introduzida uma pinça de preensão. Os passos clássicos foram realizados com alguma dificuldade de apresentação e dissecção da bolsa de Hartmann, não se podendo evitar completamente o cruzamento das pinças. Figura 1 Foi optado por clipagem das estruturas através do trocarte da mão esquerda, para melhor preensão do infundíbulo e apresentação com a mão direita. Figura 2 No entanto, por se tratar de cirurgião dextro, alguma dificuldade foi encontrada durante a manobra. A paciente evoluiu bem, recebendo alta hospitalar no dia seguinte.

DISCISSÃO

O relato da segurança e reprodutibilidade da colecistectomia videolaparoscópica com paciente com situs inversus totalis são bem documentados. (5-10). Entretanto, é importante considerar que o tempo cirúrgico pode ser maior devido a dificuldade técnica e de posicionamento espacial. A maioria dos cirurgiões mantém os trocartes posicionados em espelho da cirurgia habitual, porém alguns modificam o trocarte de 10 mm para a região subcostal esquerda, facilitando a operação para dextros.
Possivelmente a colecistectomia robótica nestes casos é mais ergonômica e não apresenta algumas destas dificuldades.

PALAVRAS CHAVES

Situs inversus

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

Raphael Camerini Maciel, Mariana Vitória Gasperin, Juliana Hernandes Seribeli Fernandes, Wilson Salgado Filho