CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDAGITE EPIPLOICA COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE ABDOME AGUDO - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A apendagite epiplóica é uma doença inflamatória autolimitada, rara, em resultado da inflamação, trombose ou torção venosa espontânea das veias que drenam os apêndices epiplóicos. O quadro clínico é semelhante ao da apendicite e diverticulite, entrando como possível diagnóstico diferencial.

RELATO DE CASO

R.C., 29 anos, masculino, atendido com quadro de dor em fossa ilíaca esquerda, intensidade 5, que piorou no decorrer do dia, dor tipo cólicas e pontadas, sem fator de piora ou melhora e sem irradiação. Não apresentou náusea ou vômitos, sem alteração no hábito intestinal. Ao exame físico, paciente encontrava-se em bom estado geral, corado, hidratado, eupneico, orientado. Exame abdominal: ruídos hidroaéreos presentes, doloroso em fossa ilíaca esquerda à palpação superficial e profunda, giordano positivo. Solicitado hemograma, raio-x de abdome agudo e urina 1. Prescrito analgesia, mas, após medicação, houve pouca melhora da dor, sendo, por isso, submetido a ultrassonografia, na qual foi visto borramento de gordura, sem sinais de hidronefrose e dor intensa na realização do exame. Optou-se, então, pela realização de tomografia abdominal, pela qual foi diagnosticada a apendagite.

DISCUSSÃO

Geralmente, o exame clínico da apendagite apresenta pacientes com dor abdominal aguda localizada em quadrante inferior esquerdo, afebril e bom estado geral. Já o exame laboratorial é caracterizado com contagem de leucócitos e VHS normais ou pouco elevados. Atinge indivíduos na faixa entre 20 e 50 anos, independente de sexo. A confirmação do diagnóstico se dá por tomografia computadorizada (TC), que demonstre achado de imagem paracólica, ovalar, variando de 1 a 5 cm, com densidade de gordura, associado a espessamento do revestimento peritoneal, conjuntamente com atenuação da gordura periapendicular. Antes da existência da TC, a diagnose era basicamente intra-operatória.
Esse quadro clínico pode se assemelhar ao quadro de abdome agudo, com possíveis diagnósticos diferenciais, como apendicite, diverticulite, ruptura de cisto ovariano, torção de ovário, gravidez ectópica, câncer de cólon, entre outros.
Conclui-se que a melhor opção de tratamento é a via ambulatorial, com administração de analgésicos e antiinflamatórios, e recuperação completa dos sintomas entre 3 e 14 dias. Além disso, extremamente importante o correto diagnóstico a fim de se evitar procedimentos desnecessários, como intervenções hopitalares e cirúrgicas e antibioticoterapia.
Isso porque, quando necessárias, as cirurgias devem ser minimamente invasivas, preferecialmente pela via videolaparoscópica – com ligadura e excisão do apêndice inflamado –, mas mesmo assim podem acarretar complicações graves, como reações adversas à anestesia, infecções, perfurações acidentais de víceras ocas e sangramento excessivo. Tais complicações, portanto, desencorajam o tratamento cirúrgico para a apendagite, devendo prevalecer o tratamento conservador e ambulatorial.

PALAVRAS CHAVE

Apendagite epiplóica; diagnóstico diferencial; tomografia computadorizada.

Área

ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

HOSPITAL ASSOCIAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURINHOS - São Paulo - Brasil

Autores

JOÃO PAULO RODRIGUES TONIOLO, THIAGO SALDANHA RODRIGUES, MYCHELLY DE SÁ CARVALHO, RAFAEL CASTELLI BITTENCOURT, PEDRO AUGUSTO MANNA BALBO, AMANDA GEÓRGIA BELLEZE, MARIANA HACKEL DAVID, DESIRÉE PICCOLI DE OLIVEIRA