CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

RELATO DE CASO: ABDOME AGUDO HEMORRAGICO POR ROTURA DE VEIA ESPLENICA DE CAUSA IDIOPATICA

INTRODUÇÃO

O abdome agudo hemorrágico é uma afecção rara que apresenta inúmeras causas incluindo trauma abdominal, ruptura de aneurismas de aorta ou vasos viscerais. O aneurisma de artéria esplênica é o mais comum entre os vasos viscerais abdominais e seu risco de ruptura é de 8%. Já os aneurismas venosos são extremamente infrequentes e o primeiro caso dessa afecção no sistema esplenomesentérico foi descrito em 1953 por Lowenthal e Jacob. É desconhecido, na literatura, o hemoperitônio por rotura de veia esplênica sem causa aparente e, por isso, o conhecimento da afecção e sua abordagem cirúrgica são imprescindíveis no prognóstico do doente.

RELATO DE CASO

Paciente, masculino, 58 anos, deu entrada em unidade básica com relato de síncope, epigastralgia e dorsalgia. Ao exame físico encontrava-se em regular estado geral, descorado 3+/4+, hipotenso e taquicárdico. Foram iniciadas medidas de reposição volêmica sem resposta, solicitados exames laboratoriais com leucocitose sem desvio e transferência para unidade com terapia intensiva. Ao dar entrada na UTI, queixou-se de disúria e distensão abdominal. Foi realizada sondagem vesical de alívio com saída de 120ml de urina e mantida vigilância renal e infecciosa, na suspeita de infecção urinária. No dia seguinte, paciente apresentou rebaixamento do nível de consciência, hipotensão severa em vigência de drogas vasoativas com abdome rígido e epigastralgia intensa. Foi solicitada tomografia computadorizada de crânio, tórax e abdome (cujos laudos não indicaram alterações) e prescrita transfusão de concentrados de hemácias. Ao retornar para o leito paciente evoluiu com piora do quadro hemodinâmico e choque. Foram reajustadas doses de vasopressores e solicitado parecer da cirurgia geral com urgência, que indicou laparotomia exploradora. No intraoperatório encontrou-se grande quantidade de sangue na cavidade abdominal com presença de hematoma retroperitoneal onde visualizou-se sangramento ativo de veia esplênica, sendo realizada rafia vascular. Frente as condições hemodinâmicas do paciente e persistência do sangramento, optou-se por cirurgia de controle de danos. Retornou para a UTI em estado grave com altas doses de noradrenalina e vasopressina, em ventilação mecânica e apresentando midríase bilateral. Após 6 horas evoluiu com parada cardiorespiratória não revertida e óbito constatado com encaminhamento do corpo ao SVO que indicou morte por abdome agudo hemorrágico devido a lesão de veia esplênica idiopática, visto que não foi identificada causa aparente para sua ruptura.

DISCISSÃO

Sempre que há abordagem de um abdome agudo hemorrágico, deve-se definir sua possível causa, dada a possibilidade de estarmos frente a um quadro de rotura vascular. Apesar de ser uma afecção rara, sua frequência tem aumentado devido ao seu maior conhecimento e pelo crescente número de exames de imagem não invasivos capazes de identificá-los com maior precisão. São uma entidade potencialmente fatal e, por isso, devem ser estudados e tratados de forma adequada.

PALAVRAS CHAVES

Hemoperitonio

Área

MISCELÂNIA

Instituições

Hospital Stella Maris - São Paulo - Brasil

Autores

Maria Xavier Castro, Guilherme Baladi, Vitor Mayer de Moura, Fernando Nishi, Donny Matiussi Dias