TÍTULO

DIAGNOSTICO TARDIO E ABORDAGEM TERAPEUTICA DE LESAO DA VIA BILIAR SECUNDARIO A TRAUMA CONTUSO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Lesões traumáticas da via biliar extra-hepática são consideradas raras, ocorrendo em apenas 0,1% das admissões por trauma. Podem ocorrer em qualquer segmento do trato biliar, secundário ao trauma contuso ou penetrante, sendo a vesícula biliar o local mais acometido e a lesão hepática mais freqüentemente associada. Há poucos relatos na literatura referente à diferentes localizações anatômicas das lesões do trato biliar e associadas, o que tornam o diagnóstico, a terapêutica e prognóstico variável, possibilitando diferentes maneiras na condução do caso. O paciente do relato de caso foi conduzido de maneira não operatória para a lesão hepática grau IV, com duas intervenções minimamente invasivas para o tratamento da lesão da via biliar.

RELATO DE CASO

Masculino de 27 anos, vítima de acidente automobilístico encaminhado de outro serviço aproximadamente 72 horas após o evento, onde manteve estabilidade hemodinâmica e sendo realizado uma tomografia computadorizada evidenciando laceração hepática grau IV, fratura de acetábulo à direita e com icterícia clínica e laboratorial. Na nossa instituição foi submetido a laparoscopia 48 horas após a internação na UTI do Trauma, visualizado colehemoperitoneo, impregnação biliar em gordura perivesicular e hilo hepático, não sendo possível identificar lesão em vesícula biliar ou via biliar extra-hepática. Foi realizado aspiração do líquido livre e posicionado dreno de aspiração circuito fechado região sub-hepática. Houve débito de líquido bilioso em quantidade considerável, sendo indicado colangiorressonância, a qual não detectou alterações na anatomia das vias biliares. Seguiu-se com CPRE com papilotomia, que evidenciou lesão em ducto hepático direito, após este procedimento evoluiu com diminuição progressiva do débito do líquido biliar, fechamento da mesma e alta hospitalar.

DISCUSSÃO

As lesões do trato biliar, associado a de outros órgãos intraabdominais, fazem com que sejam abordados de diferentes maneiras, não havendo um consenso na literatura a respeito das condutas terapêuticas.
O diagnóstico geralmente é realizado em dois momentos: 1- precoce, durante a laparotomia indicada por instabilidade hemodinâmica, irritação peritoneal ou lesões de outras vísceras; 2- tardio, quando o paciente evolui com sinais clínicos e laboratoriais de acometimento traumático no trato biliar, sendo a icterícia um achado comum.
A laparoscopia realizada no nosso relato contribuiu para ao diagnóstico com achados intraoperatórios sugestivos de lesão em via biliar (coleperitônio e impregnação biliar) , elevando a suspeição da lesão biliar. A CPRE foi o método que definiu o diagnóstico e a papilotomia facilitou a cicatrização da lesão.

PALAVRAS CHAVE

TRAUMA CONTUSO, TRAUMA DE VIA BILIAR, CPRE.

Área

TRAUMA