CONGRESSO PAULISTA DE CIRURGIA - 21º ASSEMBLÉIA CIRURGICA DO CBCSP

Dados do Trabalho


TÍTULO

“O DIABO MORA NOS DETALHES”: LESAO DO DUCTO BILIAR POSTERIOR DIREITO ABERRANTE EVOLUINDO COM NECESSIDADE DE HEPATECTOMIA

INTRODUÇÃO

Apesar casuísticas recentes de colecistectomias laparoscópicas demonstrarem incidências menores de lesão de via biliar em comparação com as séries iniciais, ainda observamos números maiores que na técnica aberta (0,3% a 0,6% vs 0,2%). Existem diversos fatores relacionados a uma maior chance de lesão biliar e as variações anatômicas, especialmente as variações de implantação do ducto posterior direito, são amplamente reconhecidas neste contexto.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 69 anos, procura atendimento devido a colangites de repetição. Apresentava-se assintomática entre as crises, em bom estado geral e sem alterações ao exame físico. Havia antecedente de colecistectomia laparoscópica há 19 anos. Na ocasião da cirurgia, referia ter evoluído com coleção intraabdominal que necessitou drenagem percutânea e manutenção do dreno por cerca de 3 meses devido ao débito “esverdeado” apresentando finalmente resolução do quadro com a conduta não-operatória. Nos anos seguintes, apresentou episódios eventuais de dor em flanco direito e febre que agravaram-se no último ano, tendo então necessitado de 3 internações. Investigação com ultrassom abdominal e, posteriormente, ressonância magnética evidenciou atrofia importante dos segmentos hepáticos 6 e 7 associado a estenose do ducto biliar posterior direito, que apresentava implantação anômala na via biliar principal. Foi proposto tratamento cirúrgico e a paciente foi submetida a bissegmentectomia 6-7 via convencional. Não apresentou complicações pós-operatórias e recebeu alta no 5o dia pós-operatório. Não apresentou novos episódios de colangite e encontra-se assintomática ao seguimento de 18 meses.

DISCUSSÃO

O tratamento das estenoses biliares é tema multidisciplinar extremamente complexo. As ressecções hepáticas são opção terapêutica utilizada raramente (cerca de 5% dos casos), geralmente em situações extremas de lesões vasculobiliares. Entretanto, neste caso apresentado, a hepatectomia foi empregada como tratamento em uma estenose de apresentação muito tardia determinando diversos episódios de colangite e consequente atrofia hepática. As variações anatômicas da via biliar podem estar relacionadas a maior chance de lesão biliar inadvertida, que eventualmente apresentam-se de forma tardia. As ressecções hepáticas são incomumente empregadas no tratamento dessas lesões, porém costumam ser a terapia de escolha quando há atrofia segmentar hepática importante.

PALAVRAS CHAVE

Hepatectomia, Colecistectomia, Lesão de via biliar, Colangite, Variação anatômica

Área

FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Vagner Birk Jeismann, Fabricio Ferreira Coelho, Gilton Marques Fonseca, Jaime Arthur Pirola Kruger, Rodrigo Luiz Macacari, Danielle Menezes Cesconetto, Rodrigo Silva Molina, Herman Paulo