Dados do Trabalho


Título

MANEJO CONSERVADOR COM SUCESSO DE VITIMA DE FERIMENTO DE ARMA DE FOGO ABDOMINAL, COM EXAME FAST (FOCUSED ASSESSMENT WITH SONOGRAPHY FOR TRAUMA) POSITIVO, AUSENCIA DE PERITONITE E ESTABILIDADE HEMODINAMICA

Introdução

Este relato de caso objetiva apresentar um caso de manejo conservador de sucesso de traumatismo penetrante por arma de fogo em transição toraco-abdominal esquerda, no qual houve lesão esplênica contusa após fratura de arco costal baixo.

Relato de Caso

Paciente feminina, 24 anos, vítima de FAF em transição toraco-abdominal esquerda (entrada em região de flanco esquerdo alto, aproximadamente à nível de 11º espaço inter-costal). Admitida estável hemodinâmicamente em sala de emergência, com FC de 80 bpm, pálida, pontuação em Escala de Coma de Glasgow 15, referindo dor intensa em arcos costas a esquerda e à palpação abdominal difusa, mais intensa em hipocôndrio esquerdo, mas sem sinais clínicos de peritonite. Identificado apenas orifício de entrada de projétil em região de transição toraco-abdominal à esquerda. Junto à avaliação inicial foi realizado FAST em sala de emergência, identificando líquido livre em janelas hepatorrenal, esplenorrenal e fundo de saco. Foi optado pelo encaminhamento à Tomografia Computadorizada com contraste endovenoso (TC). No exame, foi identificada fratura de 11º arco costal à esquerda associada a lesão esplênica grau 2 (classificação AAST) e contusão pulmonar à esquerda. O projétil encontrava-se alojado em subcutâneo de região lombar à direita. Foi identificado no exame pequena quantidade de líquido livre em cavidade peritoneal, ausência de pneumoperitôneo e ausência de hemotórax ou pneumotórax. Devido à estabilidade clínica e aos achados da TC, foi optado por tratamento conservador da lesão esplênica, seguindo o protocolo padrão de nosso hospital. A paciente recebeu alta no 7º dia de internamento, mantendo curva de estabilidade clínica e laboratorial. Em acompanhamento ambulatorial pós alta, paciente mantém-se até data atual com exímia evolução e sem queixas.

Discussão

FAFs abdominais classicamente tem indicação de laparotomia exploradora como meio terapêutico obrigatório, com embasamento na premissa de que somente a laparotomia é segura para diagnosticar e tratar as possíveis lesões advindas deste meio de lesão de alta energia, versus a uma lesão de relativa baixa energia, como um FAB. Porém, nas últimas décadas, estudos indicam a segurança do tratamento conservador de FAF abdominais. Alguns critérios comuns são pregados na opção por este tratamento. Dentre estes, três se destacam: 1. Estabilidade hemodinâmica; 2. Ausência de peritonite; 3. Exame físico confiável. Pacientes com peritonite (sinal subjetivo ao exame fisico mas por vezes direto de lesões intra-abdominais) e/ou instabilidade hemodinâmica à chegada não tem o manejo conservador seguro, sendo esta conduta contra-indicada pela literatura. Este relato ressalta a tendência atual de um tratamento mais individualizado no trauma abdominal penetrante. É essencial o uso de recursos de imagem em pacientes hemodinâmicamente estáveis, permitindo a seleção de pacientes para tratamento conservador, reduzindo assim gastos e a morbimortalidade.

Palavras Chave

Trauma; Lesão Esplênica; Manejo conservador; FAF

Área

TRAUMA

Instituições

Hospital do Trabalhador - Paraná - Brasil

Autores

Beatriz Silva Lemes, João Gabriel Silva Lemes, Lucas Aurélio Fonseca Favero, Márcio André Sartor, Caroline Louise Balcewicz Dal Bosco