Dados do Trabalho
Título
ABSCESSO CEREBRAL NA INFANCIA: RELATO DE 19 CASOS TRATADOS EM HOSPITAL PEDIATRICO DE REFERENCIA
Introdução
Abscessos cerebrais são acúmulos de pus no parênquima cerebral. Suas causas incluem infecções, disseminação hematogênica, traumas cranioencefálicos, neurocirurgias e desconhecidas. O caráter expansivo é de grande importância, sendo sua investigação extremamente relevante. A etiologia bacteriana é variável, dependendo da causa, idade do paciente e sua imunidade. A suspeita deve ser aventada quando há uma possível causa, sinais neurológicos focais ou de hipertensão intracraniana. Exames de imagem, principalmente tomografia computadorizada, são utilizados para complementar o diagnóstico. O tratamento inclui antibioticoterapia, abordagem cirúrgica ou ambos. É uma complicação rara (1,8 para cada 100.000 indivíduos/ano), mas com alta morbidade, mortalidade (de aproximadamente 10%) e escassa literatura sobre o assunto.
Relato de Caso
Esse relato de casos objetiva correlacionar causas, manifestações clínicas, etiopatogenia, exames complementares, tratamento (clínico ou cirúrgico) e desfecho em pacientes pediátricos cujo diagnóstico final foi abscesso cerebral. A pesquisa foi feita analisando prontuários de pacientes pediátricos com diagnóstico de abcesso cerebral no Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba-PR) no período de janeiro de 2000 a setembro de 2013. Foi realizado um estudo retrospectivo observacional, com análise de: idade, sexo, causas, manifestações clínicas, agente etiológico, achados de tomografias de crânio (TAC), características do líquor cefalorraquidiano (LCR) e tratamento por meio de antibioticoterapia combinada e drenagem cirúrgica em alguns casos. Ao fim do estudo, constatou-se que não houve óbitos.
Discussão
Dezenove crianças foram diagnosticadas com abscesso cerebral, com idades entre 2 e 15 anos. Dessas, 11 eram do sexo masculino. As principais causas foram meningite e sinusite, tendo como agentes etiológicos Streptococcus sp., Staphyloccus aureus e Haemophilus influenzae. Os sintomas mais prevalentes foram febre, cefaléia, convulsões e sonolência. Sinais neurológicos focais foram evidenciados em alguns pacientes. Os achados no LCR foram hipoglicorraquia, pleiocitose às custas de polimorfonucleados e hiperproteinorraquia. Todos os pacientes realizaram TAC de crânio, sendo observados abscessos únicos localizados em lobo frontal ou parietal. O tratamento inicial instituído em todos os casos foi antibioticoterapia empírica. Em nove casos, que apresentavam critérios (envolvimento de áreas eloquentes do cérebro, alto risco de complicações, ausência de melhora clínica vista por monitorização constante durante uma a duas semanas), houve necessidade de tratamento cirúrgico, visando reduzir a pressão intracraniana, melhorar e preservar a função cerebral e evitar que a infecção atingisse os ventrículos. O método utilizado foi drenagem - considerado o padrão ouro, sendo realizado por punção direta (escolha para abcessos grandes ou superficiais) ou punção guiada (escolha para localizações mais delicadas, permitindo maior precisão e otimização da drenagem).
Palavras Chave
Abcesso encefálico. Infecção. Pediatria.
Área
CIRURGIA PEDIÁTRICA
Instituições
Hospital Pequeno Príncipe - Paraná - Brasil
Autores
Ana Paula Trombetta Kappes, Brisa De Almeida Möllmann, Gabriella Balbinot Betencourt, Giovanna Tramujas Kafka, Daniela Branco Andreatta, Maria Fernanda Baptista Caldas, Victor Horácio De Souza Costa Júnior