Título

ATUAÇAO DA CIRURGIA PLASTICA NO TRATAMENTO DE ULCERAS DE PRESSAO: EXPERIENCIA DE 39 CASOS EM CENTRO DE ATENDIMENTO AO TRAUMA

Introdução

As úlceras de pressão são lesões cutâneas ou de partes moles de etiologia isquêmica, secundária a um aumento de pressão externa sob uma proeminência óssea. O tempo entre seu desenvolvimento e manifestação varia de 1 a 5 dias, e sua origem depende de fatores extrínsecos e intrínsecos ao paciente. São classificadas em diferentes estágios, de acordo com sua extensão e profundidade. O tratamento é variável, e se dá de acordo com a classificação, sendo majoritariamente tratadas cirurgicamente pela equipe de cirurgia plástica.

Relato de Caso

O estudo foi realizado por meio da análise de registros dos prontuários médicos de pacientes com úlceras de pressão atendidos pela Cirurgia Plástica no Hospital do Trabalhador (Curitiba-PR), no período de junho de 2012 a maio de 2017. Foi realizado um estudo retrospectivo observacional com análise das características das lesões, da técnica cirúrgica empregada e da evolução dos casos.
Trinta e nove pacientes foram diagnosticados com úlcera de pressão e tratados cirurgicamente. Desses, 32 eram homens. A idade variou de 6 a 76 anos (média de 35,9 anos). Vinte dos pacientes apresentavam lesão medular, sendo 16 paraplégicos e 4 tetraplégicos, dos quais eram 2 acamados e 18 cadeirantes. Os pacientes apresentavam uma (34 casos) ou múltiplas úlceras, sendo ao todo tratadas 45 úlceras de pressão, variando de 2 a 30cm de diâmetro (média de 5,6cm) e predominando o grau III e IV de classificação (40% de cada). Houve predominância de úlcera isquiática (16 ocorrências), seguida por úlcera em região de perna (9 ocorrências) e por úlceras sacral e trocantérica (7 ocorrências de cada). Em menor incidência, houve ainda úlcera em fossa poplítea, calcâneos e região glútea. O procedimento cirúrgico mais realizado foi o debridamento (todos os casos), seguido por retalhos de pele (30 casos) e enxertias de pele (10 casos). O retalho de avanço V-Y de glúteo máximo foi utilizado em onze casos, seguido pelo retalho em ilha de glúteo máximo, em 7 casos, e pelo gluteal thigh flap pediculado, em 5 casos. Já o enxerto mais realizado foi o dermo-epidérmico retirado de coxa, em 6 casos. Catorze pacientes apresentaram complicação no pós-operatório, sendo a maioria deiscência do retalho ou infecção.

Discussão

A maioria dos pacientes possuidores de úlceras possuíam lesão medular e eram acamados ou cadeirantes. Suas lesões variavam em tamanho e localização, porém 80% eram casos graves, acometiam a totalidade da pele e músculos, podendo chegar até ao acometimento ósseo. O tratamento ideal configura-se com uma combinação de procedimentos (debridamento, retalhos e/ou enxertias de pele), e ainda assim, pode haver a necessidade de ser realizado novamente por complicações, como deiscência ou infecção. Dessa forma, o conhecimento da patogênese e o correto manejo dos pacientes com fatores de risco para desenvolver úlceras de pressão é fundamental, podendo até evitar sua ocorrência. Entretanto, constatada a presença da lesão, a atuação precoce do cirurgião deve ser instituída.

Palavras Chave

Úlceras de pressão. Procedimentos cirúrgicos operatórios. Cirurgia plástica. Retalhos de pele.