Dados do Trabalho
Título
LESAO IATROGENICA DA VIA BILIAR POS COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCOPICA: RELATO DE CASO
Introdução
A colecistectomia videolaparoscópica (CCC VDL) é hoje o padrão ouro para tratamento da calculose biliar, sendo rotineiramente realizada em diversas instituições por todo mundo. Apesar dos notáveis benefícios que essa técnica proporciona, ela também pode apresentar complicações potencialmente graves, sendo a lesão da via biliar a mais temida. Atualmente, estima-se que a lesão de via biliar tenha um incidência em torno de 0,3-0,7%.
Relato de Caso
Paciente, 26 anos, masculino, foi submetido a CCC VDL por colelitiase. Recebeu alta no 1 pós-operatório (PO). No 3° PO, paciente retornou com queixa de dor em hipocôndrio direito, ombro direito associado a sangramento pela ferida operatória (FO) da região umbilical e presença de urina escura. Negou febre, náusea e vômitos. Ao exame físico, paciente estava em bom estado geral, descorado, ictérico +/4+, afebril e com o abdome doloroso a palpação superficial em região umbilical. A tomografia computadorizada de abdome revelou aumento da densidade do tecido subcutâneo e pequena quantidade de líquido livre na cavidade abdominal. Nos exames foi identificado hiperbilirrubinemia as custas de direta (BD 2,97) associado com elevação das enzimas canaliculares (FA e GGT). Foi optado por internação hospitalar para investigação do quadro. No 3° dia de internação queixou-se de dor abdominal difusa associada a saída de secreção amarelada pela FO umbilical. Optado pela realização de CPRE que visualizou lesão completa da via biliar principal, sendo então indicado laparotomia exploradora.No intraoperatório foi evidenciado presença de bile em moderada quantidade na cavidade abdominal, lesão completa de hepático comum sem dilatação da via biliar. Na colangiografia intraoperatória, não houve lesões acima da confluência dos hepáticos. Optado pela realização de derivação bileodigestiva em Y de Roux. Paciente recebeu alta no 6 PO em boa evolução clínica.
Discussão
A lesão de via biliar é a complicação mais temida da CCC VDL, estando associada com aumento da morbidade, redução da sobrevida e diminuição da qualidade de vida. Diversos fatores podem ser implicados na ocorrência desse infortúnio, sendo os mais comuns a distorção da anatomia devido inflamação local, o alto índice de variações anatômicas do trato biliar, falta de treinamento em cirurgia laparoscopica, cirurgia prévia no trato biliar e o não reconhecimento do triangulo de segurança (critical view of safety). Além desses fatores, a própria técnica videolaparoscópica aumenta o risco em 2,5-4%. O quadro clinico pode variar, desde de quadros frustos até coleperitôneo e sepse. Podemos lançar mão do uso de exames de imagem para o diagnostico, sendo a colangiorresonacia e CPRE os melhores na avaliação das lesões das vias biliares. O sucesso do reparo está associado com o tempo do diagnostico, experiencia do cirurgião e a localização da lesão. Esses pacientes devem ser tratados cirurgicamente por equipe treinada em via biliar ou encaminhados para serviço de referencia quando não haja disponibilidade.
Palavras Chave
Colelitiase; Hepatocoledoco; colecistectomia
Área
VIAS BILIARES
Instituições
HOSPITAL GERAL DE CARAPICUIBA - São Paulo - Brasil
Autores
CAIO FELIPE SBANO LAMOSA, VICTOR EZAKI ALVES SILVA, ROBERTO EDUARDO DONOSO RIVERO, MELISSA NICOLE MONTANO ROJAS, FERNANDA MARIA DAMASCENO SHIMADA, PRISCILA PAMELA DA SILVA, BRUNO AMANTINI MESSIAS