Dados do Trabalho


Título

MEGACÓLON TOXICO SECUNDARIO A COLITE PSEUDOMEMBRANOSA EM PACIENTE COM INFECÇAO SISTEMICA – RELATO DE CASO.

Introdução

A Clostridium Difficile (CD) é uma bactéria anaeróbia que coloniza o trato intestinal após alteração de sua flora normal causando uma infecção grave manifestando-se desde formas como diarreia aquosa a megacólon tóxico. A colite pseudomembranosa é uma enfermidade rara que deve ser suspeita em qualquer paciente que apresente diarreia por 72 horas ou mais em hospitalização e/ou associado ao uso de antibioticoterapia. O objetivo deste relato é descrever o caso de um paciente com história de hospitalização prolongada em leito de terapia intensiva que evoluiu com megacólon tóxico secundário a colite pseudomembranosa após infecção sistêmica.

Relato de Caso

C.R.P, 61 anos, masculino, admitido no setor de emergência com diagnóstico de insuficiência renal crônica agudizada em urgência dialítica. Foi iniciado terapia de substituição renal. Evoluiu com infecção sistêmica diagnosticada em hemocultura, sendo prescrito antibioticoterapia com Piperacilina-Tazobactam e Vancomicina. Porém sem melhora foi optado por introdução de Meropenem. Após 20 dias de antibioticoterapia, paciente evoluiu com dor abdominal difusa tipo cólica e episódios de fezes líquidas. Foi avaliado pela equipe de cirurgia geral, identificado abdome extremamente distendido e timpânico. Aos exames laboratoriais, leucocitose (leucócitos= 38.970/mm³) progressivamente ascendente com desvio para esquerda (Bastonetes= 10%) até a data da avaliação. Realizada tomografia de abdome e pelve com laudo de “Acentuada distensão difusa de alças cólicas e delgadas, com espessamento parietal, sem caracterização de evidentes fatores obstrutivos mecânicos ao método. Associa-se pequena ascite.” Devido ao quadro clinico e evolução do paciente, foi indicada laparotomia exploradora. Durante o procedimento foi observado distensão global de alças de delgado e cólon, sem ponto de obstrução ou perfuração. Paciente apresentava-se instável hemodinamicamente e foi optado por realizar apenas esvaziamento das alças com saída de fezes e gases seguida de colostomia em cólon ascendente. Durante a confecção da colostomia foi visualizado mucosa com aspecto de pseudomembranas. O paciente foi encaminhado para UTI mantendo-se em estado grave, choque séptico com uso de drogas vasoativas e piora laboratorial, evoluindo para óbito após o primeiro dia de pós-operatório. Foi enviado material para pesquisa de toxinas A e B de Clostridium Difficile com resultado positivo.

Discussão

A apresentação diarreica da colite pode ser menos incidente devido ao acúmulo de secreções pelo cólon disfuncional. O paciente renal crônico tem maior risco desta infecção bem como dor abdominal com toxemia que levou a abordagem cirúrgica no caso. Neste contexto a colectomia total estaria indicada, entretanto impossibilitada pela instabilidade hemodinâmica do paciente. O megacólon tóxico por CD deve ser considerado em pacientes com história clinica e fatores de risco compatíveis com um quadro de dor abdominal simulando abdome agudo cirúrgico, devido a elevada morbimortalidade associada.

Palavras Chave

colite pseudomembranosa; megacólon; Clostridium Difficile ;infecção sistêmica

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

Hospital de Clínicas Dr Radamés Nardini - São Paulo - Brasil

Autores

Fernanda Aires Lucena, Andressa Batista Viana, Stefany Scarleth Zapata Gutierrez, Rômulo Amorim de Oliveira, Fernanda Boarin Pace, Vitor Bergamaschi Fonseca, Cibelle Marion Bertolli