Dados do Trabalho


Título

ACHADO INSUSPEITADO DE GIST EM CIRURGIA DE REFLUXO – O QUE DIZEM OS PROTOCOLOS?

Introdução

Tumores Estromais Gastrointestinais (GISTs) são neoplasias mesenquimais de baixa prevalência. Estes tumores têm origem de células intersticiais de Cajal, que se localizam no estroma do tubo gastrointestinal. Sua incidência anual é cerca de 10 a 20 casos por milhão de pessoas no mundo. O diagnóstico definitivo desses tumores é feito pelo estudo imunohistoquímico. O tratamento consiste em avaliar a dimensão do GIST e exérese completa do tumor dependendo do tamanho e de sua localização, sem ressecção linfonodal, além de cuidados clínicos. O presente relato tem por objetivo discutir um achado incomum de GIST e lesão hepática sincrônica em procedimento de hiatoplastia para correção do refluxo gastroesofágico, bem como discutir a importância da gastrectomia parcial via laparoscopia para o melhor prognóstico oncológico.

Relato de Caso

Paciente de 66 anos, feminino, com história de doença do refluxo gastroesofágico e hérnia de hiato há cerca de 10 anos encaminhada pela equipe de Gastroenterologia do Hospital São Lucas com endoscopia digestiva alta e pHmetria esofágica prolongada evidenciando refluxos patológicos frequentes. Após avaliação clínica, a paciente foi referenciada ao Serviço de Cirurgia Geral do Hospital São Lucas, de Belo Horizonte, com diagnóstico de DRGE e hérnia de hiato, sendo indicada cirurgia. No peroperatório foi encontrada dentro da cavidade lesão ulcerada entre segmentos hepáticos 2 e 3 e lesão nodular em fundo/grande curvatura gástrica. Feita ressecção em cunha da lesão, seguida de hiatoplastia e válvula antirrefluxo em primeiro tempo. Após a correção, foi discutida a necessidade de ressecção da lesão hepática, que diante de probabilidade de doença maligna e conveniência para o paciente, foi realizada por excisão de segmento hepático com margem da lesão. As peças foram enviadas para estudo anatomopatológico, que evidenciou GIST gástrico e lesão inflamatória inespecífica hepática.

Discussão

Os GISTs são tumores raros, cerca de 1 a 3% dos tumores do TGI, ocorrem em pacientes com idade média 60 anos. Localizam-se preferencialmente no estômago, mas também em intestino delgado, cólon, reto e esôfago, e quando evolui para doença metastática os sítios frequentes são fígado e peritônio. O tratamento preconizado consiste na exérese do GIST quanto este é maior de 2 cm. No caso relatado, a ressecção se deu em virtude de potencial risco de malignidade. A literatura relata melhores resultados no tratamento de GISTs por via laparoscópica, com margens necessárias e sem necessidade de linfadenectomia. Igualmente, evidências consistentes sugerem que a utilização da via laparoscópica para a ressecção de lesão hepática é tão segura quanto a hepatectomia aberta. Inicialmente, as indicações de videocirurgia hepática limitavam-se a outras lesões hepáticas císticas e vasculares benignas. Nos dias atuais, aumentou o número de hepatectomias por laparoscopia, uma vez que há benefícios como a melhor hemostasia, menos tempo e estadia no hospital e diminuição de ascite após a cirurgia.

Palavras Chave

Tumor Estromal Gastrointestinal. Gastrectomia. Laparoscopia.
Hérnia de Hiato.

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Universidade Federal de Ouro Preto - Minas Gerais - Brasil

Autores

CIRÊNIO DE ALMEIDA BARBOSA, DEBORAH CAMPOS OLIVEIRA, HALYNNE MARIA MARQUES GONDIM, JULIA GALLO DE ALVARENGA MAFRA, BARBARA SORAYA DE MEDEIROS BRITO, RONALD SOARES DOS SANTOS, WEBER CHAVES MOREIRA, TUIAN SANTIAGO CERQUEIRA