Dados do Trabalho


Título

APENDICITE AGUDA EM IDOSOS – FATORES LEUCOCITARIOS

Objetivo

A apendicite aguda é uma urgência comum no dia-a-dia do cirurgião. Apesar do acometimento majoritário de indivíduos mais jovens, a análise das ferramentas diagnósticas utilizadas para a elucidação dessa doença no tocante à população idosa, é de considerável importância, visto maiores dificuldades diagnósticas e maior potencial de morbimortalidade nessa população.

Método

Estudo retrospectivo e comparativo em pacientes com idade superior e igual a 60 anos e diagnóstico de apendicite aguda confirmada através de análise anatomopatológica. Os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo 1 com apendicite classificada em fase catarral e úlcero-flegmosa e grupo 2 com indivíduos com apendicite aguda fase gangrenosa ou perfurada. Avaliou-se o hemograma desses pacientes e as taxas de óbitos em ambos os grupos. As complicações pós-operatórias foram qualificadas a partir da classificação de Clavien-Dindo. Executou-se o teste chi-quadrado para variáveis qualitativas e teste comparativo U Mann-Whitney de amostras independentes para variáveis quantitativas, sendo p<0,05 considerado significativo e intervalo de confiança(IC) de 95%, as análises foram realizadas com apoio computacional dos softwares IBM SPSS25.

Resultados

133 pacientes foram selecionados. 47 indivíduos pertencem ao grupo 1 (35,33%) e 86 (64,66%) ao grupo 2. A média de idade desses pacientes foi de 71,74 anos (±7,48), no grupo 1 69,81 anos (± 7,90) e do grupo 2 72,75 (± 7,13) (p=0,006). A média das contagens leucocitárias foram no grupo 1 14,02 mil/mm³ (± 6,52) e no grupo 2 13,51 mil/mm³ (±45,54) (p= 0,992). No grupo 1 29 apresentaram leucocitose(61,70%) e no grupo 2 48(55,81%) (p=0,017). Neutrófilos tiveram uma média no grupo 1 11,62 mil/mm³ (± 6,23) e no grupo 2 11,24 mil/mm³ (± 5,61) (p= 0,937).
Em 72 pacientes (54,13%) foram identificados perfuração do apêndice. Segundo o score Clavien-Dindo, 26 pacientes no grupo 1 tiveram complicação grau 2, já no grupo 2 foram 60 indivíduos. O grupo 1 não apresentou nenhuma complicação score 4A ou 4B, sendo que no grupo 2 observamos 1 4B(p=0,001). 14 pacientes foram a óbito após a cirurgia, sendo 1 paciente grupo 1(2,12%) e 13 pacientes do grupo 2(15,11%)(p=0,020 ; OR=8,19).

Conclusões

A presença da leucocitose entre os pacientes com apendicite complicada e sem complicações não se apresentou em média de maneira acentuada na nossa amostra, sendo a contagem de linfócitos maior no grupo 1 do que no grupo 2 (p=0,038). A ocorrência de perfuração na população geral é de cerca de 20%, muito inferior a nossa casuística de 54,13%. O risco de mortalidade em pacientes com apendicite complicada foi muito superior aquele com apendicite aguda em fase 1 ou 2, sendo de apenas 2,12% no grupo 1 e 15,11% no grupo 2. Em conclusão, os pacientes idosos se colocam como um grupo de maior impacto de morbimortalidade da apendicite aguda, apesar da baixa incidência dessa condição nessa faixa etária, deve-se considerar a hipótese em caso de dor abdominal sugestiva, evitando impactos maiores para os doentes.

Palavras Chave

Apendicite Aguda ; Leucocitose ; Idoso ; Morbimortalidade

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Edivaldo Massazo Utiyama, Octacilio Martins Junior, Leonardo Kasputis Zanini, Vitor Barboza Fortunato