Dados do Trabalho


Título

FRATURA DE PELVE COM EVOLUÇAO PARA FASCIITE NECROSANTE EM REGIAO INGUINAL: RELATO DE CASO.

Introdução

A incidência de fratura de pelve é, em média, 23/100.000 habitantes e a mortalidade varia de 4 a 23%. Fraturas de pelve geralmente resultam de traumas de alta energia e, em aproximadamente 90% dos casos, há lesões associadas. Quando há associação de lesões graves em outros segmentos corporais, a letalidade pode alcançar 50%. Assim, muitos óbitos são causados por lesões concomitantes, principalmente nos doentes com fraturas estáveis de pelve.

Relato de Caso

Paciente J.R.S., 46 anos, masculino, vítima de esmagamento por retroescavadeira, chega na sala vermelha do HPSC. ABCDE do trauma sem alteração, apenas com sinal de Destot e dor a mobilização de pelve. TC de pelve com fratura dos ramos isquiopúbicos e iliopúbicos bilateralmente. Avaliação de Traumatologista com lesão estável do anel pélvico. Paciente evolui com retenção urinária, dor suprapúbica, bexigoma e sangramento na tentativa de sondagem vesical. Avaliação de Cirurgia Geral com indicação de cistostomia. Após procedimento, paciente evolui com hipotensão, tontura e dor em andar inferior de abdome. Ofertado volume e solicitado exames. Labs com Hb 11,4; Ht 34,3; leuc 5800, b 35%; TC com áreas de pneumoperitônio no abdome inferior, gás na região inguinal escrotal esquerda, e grande quantidade de gás na parede abdominal à esquerda. Paciente evolui com choque hemorrágico e é encaminhado a laparotomia. Foi identificado sangue na cavidade; hematoma na bexiga e extensa fasciíte necrosante em região inguinal, dissecando todo oblíquo externo em direção ao hipocôndrio esquerdo e ao períneo/região inguinal/escroto a esquerda; e comprometimento de testículo esquerdo. Realizado debridamento de toda região e curativo a vácuo. Toque retal com sangue e grande laceração em parede anterior do reto baixo se estendendo quase a margem anal. Realizada colostomia em alça em sigmóide. Fechamento somente da pele por instabilidade hemodinamica. Paciente encaminhado a UTI, evolui com choque septico e óbito.

Discussão

As fraturas de pelve podem ser estáveis/não cirúrgicas ou instáveis/cirúrgicas. Pensar em fratura de pelve quando há contusão e equimoses em região pélvica; diferença do tamanho dos membros inferiores ou rotação lateral de um destes; uretrorragia, metrorragia e sangramento retal. As lesões estáveis tem menos chance de sangramento, mas mais chance de lesões de vísceras pélvicas. Assim, deve-se analisar presença de lesões concomitantantes. As lesões de reto podem ser por espículas ósseas proveniente de fraturas pélvicas. Lesões colorretais são encontradas em <1% dos casos no trauma fechado, mas tem 16,1% de mortalidade. A conduta na lesão de reto extraperitoneal é reparo primário, desbridamento, drenagem pré-sacra, e colostomia proximal. No trauma de uretra, ocorre uretrorragia, retenção vesical e bexigoma. O cateterismo vesical está contraindicado, devendo ser feito uretrografia retrógrada. Se confirmada lesão, deve ser feita a cistostomia.

Palavras Chave

fratura, pelve, lesões concomitantes, reto, fasciíte necrosante.

Área

TRAUMA

Instituições

Universidade Luterana do Brasil - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Nicole Seger Cunegatti, Laura de Ross Rossi, Guilherme Lucas da Silva Cruz, Mariane Menegat Madruga, Otávio Maldaner Moller, Tuane da Silva Sérgio, Larissa de Castro Fonseca