Dados do Trabalho
Título
CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇAO NA ISQUEMIA MESENTERICA CRONICA
Introdução
A isquemia mesentérica trata-se de redução do fluxo sanguíneo mesentérico, sendo dividida em aguda ou crônica, baseada na rapidez e grau em que o fluxo sanguíneo está sendo comprometido. A principais etiologias: aterosclerose e tabagismo. O tratamento cirúrgico para revascularização é uma das possibilidades terapêuticas.
Relato de Caso
Paciente feminino, 56 anos, branca, apresentando dor epigástrica e hipocôndrio esquerdo há 1 ano, tipo queimação, associada a emagrecimento de 30% do peso, náuseas, vômitos, inapetência e obstipação intestinal. Tabagista, hipertensa e diagnóstico prévio de isquemia mesentérica crônica em uso de sinvastatina, AAS e cilostazol.
TC de Abdome apresentou ectasia segmentar de aorta abdominal infrarrenal, antes da bifurcação, calibre de 2,4 x 2,3 cm. Placas ateromatosas calcificadas aortoilíacas. Falha de enchimento em meio de contraste na emergência da artéria mesentérica superior (AMS) sugerindo oclusão, com reabitação do fluxo 2,5 cm abaixo. Realizada Arteriografia de aorta e vasos viscerais: aorta abdominal de paredes irregulares. Tronco celíaco de paredes irregulares,estenosado 60% na origem. AMS ocluída na sua origem com reabitação distal. A. renal direita ocluída na origem, sem reabitação distal. A. renal esquerda de paredes irregulares, sem estenoses significativas.
Feito preparo cirúrgico hospitalizada, com 5 dias de nutrição parenteral.
Procedimento com dissecção, isolamento e reparo do tronco celíaco e AMS. AMS ocluída com reabitação após 10 cm da origem. Alças intestinais com peristalse débil e discreta palidez. Secção da AMS em região proximal. Endarterectomia por eversão da AMS, com extração de placas ateromatosas. Anastomose termino-lateral da AMS na aorta infrarrenal. A AMS retomou o pulso e as alças apresentaram peristalse e melhora da palidez.
Paciente não apresentou intercorrências durante a cirurgia, não precisou de uso de DVA e seguiu para UTI no pós operatório.
Discussão
A isquemia mesentérica crônica ou, angina mesentérica, corresponde a apenas 5% das isquemias mesentéricas. A aterosclerose é a principal causa de redução de fluxo nas artérias do leito mesentérico e a presença de lesões significativas é observada entre 6% e 10% das autópsias e em 14% a 24% dos pacientes submetidos a arteriografia. Apesar de a doença aterosclerótica desses vasos ser comum, a manifestação clínica da isquemia intestinal crônica é rara. Esse pacientes, em sua maioria, são idosos e predominantemente do sexo feminino.
O objetivo é a revascularização da(s) artéria(s), conseguido por cirurgia de revascularização ou angioplastia endovascular percutânea, com ou sem stent. Há quem defenda o tratamento cirúrgico como primeira linha para jovens e sem comorbidades significativas, dado o maior risco de recorrência de sintomas no tratamento endovascular por re-estenose. A verdade é que a taxa de sucesso a longo prazo e as complicações são semelhantes e a opção terapêutica deve ser discutida caso a caso mediante a clinica e o perfil do paciente.
Palavras Chave
Isquemia; Mesentérica; Crônica; Revascularização.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Santa Casa de Araraquara - São Paulo - Brasil
Autores
Nicolas Fernando Rocha, Guilherme Correa do Nascimento, João Vitor Soares Vicentini, César Augusto Cherubim Filho, Fernando Augusto Lopes Marques, Raphael Kwitschal Lapezak, Eduardo De Lucca Dall'Acqua, Rafael Luís Luporini