Dados do Trabalho


Título

ADENOCARCINOMA DUCTAL DE PANCREAS NA PAREDE ABDOMINAL: IMPLANTE OU METASTASE?

Introdução

Cerca de 90% dos tumores pancreáticos são adenocarcinomas ductais. Acredita-se que a partir de dano no material genético de célula-tronco pluripotente no pâncreas adulto, a neoplasia intra-epitelial pancreática (PanIN) se desenvolve e pode ocasionalmente evoluir para câncer. O adenocarcinoma de pâncreas, no Brasil, é responsável por 2% de todos os tipos de câncer e 4% das mortes. Possui incidência crescente na população, 1 a 10/100.000 pessoas, predominância masculina após a sexta década. A sintomatologia mais comum é dor abdominal, perda de peso e icterícia. Os principais fatores de risco além do sexo e idade são tabagismo, pancreatite crônica, dieta rica em gordura e diabetes mellitus. Em média 85% dos cânceres pancreáticos desenvolvem-se na cabeça da glândula. O diagnóstico é tardio e as taxas de ressecabilidade se restringe à 10-15%. Os sítios mais comuns de metástase pancreática são fígado, peritônio, pulmões, ossos e glândulas supra-renais.

Relato de Caso

Relatamos um caso de uma mulher, 66 anos, procedente de Ribeirão Preto, com diabetes mellitus tipo 2 em uso de metformina e insulina e colecistectomia há 10 anos. Tinha queixa de diarreia e perda ponderal (15% em 6 meses), acompanhada de dor abdominal intermitente no mesogástrio. Encontrava-se hipocorada e desidratada, com abdome doloroso a palpação. Ressonância compatível com tumor em processo uncinado do pâncreas sem metástase com CA19.9: 40,6, CEA: 4,9 e Amilase:17,9. Paciente foi internada para pancreatectomia cefálica, inventário cavitário: lesão estendendo-se em direção ao corpo do pâncreas e lesão cística na cauda. Optado por pancreatectomia total com preservação esplênica. A patologia revelou adenocarcinoma ductal invasivo ao lado de neoplasia mucinosa intraductal papilar pancreática e lesão em cauda com adenocarcinoma ductal invasivo pancreático ao lado de neoplasia intraepitelial ductal pancreática de alto grau (PanIN-III). Paciente evoluiu bem no pós-operatório com seguimento ambulatorial. Quatro meses após a cirurgia apresentou tumoração endurecida, irredutível na incisão e com dor local. Elevação do CA19.9 (403,6). Realizado biópsia excisional cuja patologia revelou adenocarcinoma ductal metastático.

Discussão

As características celulares do câncer de pâncreas acarretam alto potencial metastático. Chama atenção o aparecimento de metástase na parede abdominal, uma vez que não está entre os locais mais comumente descritos na literatura. Publicações com dados de necropsia mostram esse achado em 0,5% dos pacientes observados. Essa paciente possuía 2 lesões císticas diferentes precursoras de malignidade na mesma glândula, ambas degeneradas para câncer. Não sabemos dizer se esse fato isolado associa-se com maior risco de metástases, tão pouco se favorece o aparecimento destas em sítios menos frequentes. Há ainda dúvida entre metástases ou implantes na parede abdominal associados à manipulação cirúrgica. Estas são questões que eventualmente merecem aprofundamento em futuros estudos.

Palavras Chave

Tumor de pâncreas, Adenoma ductal; Pâncreas; Metástase;

Área

PÂNCREAS

Instituições

Hospital Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

Samilly Laissa de Oliveira Alves, Viviane Vasconcelos Tajra Mendes, Eduardo de Barros Correia, Rebecca Neponucena Sobrinho, Mayara Pádua Barbosa