Dados do Trabalho


Título

ULCERA DE MARJOLIN: FATORES DE RISCO PARA CARCINOMA EPIDERMOIDE CUTANEO

Introdução

A Úlcera de Marjolin é definida como um tumor maligno de pele, especialmente do subtipo histológico carcinoma de células escamosas (75-90% dos casos), que ocorre sobre a superfície de feridas crônicas não cicatrizadas ou cicatrizadas por segunda intenção. Cerca de 89,3% dos casos tem como base cicatrizes de queimaduras, sendo o portador desta condição a principal população de risco para desenvolver a lesão maligna. Segundo estudos, o intervalo de tempo médio entre a lesão de base e o aparecimento da Úlcera de Marjolin foi de 36 anos, com uma variação de 1 mês a 64 anos. O objetivo do presente relato é narrar um caso de uma doença relativamente rara, agressiva, com alta possibilidade de metástases e de recidivas. Para isso, foram utilizadas referências bibliográficas atuais, com busca de artigos nas bases de dados PubMed, Scielo e Lilacs.

Relato de Caso

Paciente do sexo masculino, 55 anos, com história de queimadura térmica extensa por gasolina na região do epigástrio e mesogástrio há mais de 30 anos. Compareceu ao consultório com queixa de lesão ulcerada de 2 cm localizada em área de queimadura. A lesão se iniciou de forma eritematosa e pruriginosa, evoluindo para ulceração com bordas elevadas, sem cicatrização espontânea. Paciente negou sintomas associados, como dor local, prurido ou odor. Ao exame físico, não foram encontrados sinais correspondentes ao quadro. Como conduta, foi realizada exérese da lesão com margens de lateralidade e profundidade, feita rotação de retalho em zetaplastia e síntese por planos anatômicos. O exame histopatológico teve como resultado o relato de um carcinoma espinocelular infiltrativo e presença de dermatite ulcerada, desenvolvidos sobre tecido de fibrose cicatricial antiga.

Discussão

O desenvolvimento do subtipo histológico de carcinoma cutâneo escamoso em sítios de cicatrizes ou ulcerações crônicas prévias é um evento relativamente raro e uma complicação prevenível. Sua fisiopatologia ainda não é totalmente explicada. Os carcinomas que surgem em áreas de cicatrizes são tipicamente agressivos e geralmente associados a um prognóstico reservado. Portando, uma vez diagnosticado, é necessária uma abordagem cirúrgica precoce, com excisão ampla e margem cirúrgica de no mínimo 2 cm, contendo pele, músculo e fáscia. Contudo, em 58% dos casos operados, o exame histopatológico demonstra tumor residual e, em cerca de 20-30% dos casos, ocorre metástases ou a recidiva do quadro. Como conclusão, é possível afirmar que a prevenção das lesões cronicamente inflamadas é extremamente importante para evitar a ocorrência da Úlcera de Marjolin. Para isso, é imprescindível o tratamento adequado dessas lesões de base e a vigilância ativa desses pacientes.

Palavras Chave

Úlcera de Marjolin
Úlcera
Fatores de risco
Queimadura
CEC
Carcinoma Epidermóide Cutâneo
Carcinoma de Células Escamosas

Área

MISCELÂNEA

Instituições

UFSJ-cco - Minas Gerais - Brasil

Autores

Cirênio de Almeida Barbosa, Deborah Campos Oliveira, Thaís Oliveira Dupin, Mariana Fonseca Guimarães , Mariana Silva Melo Rezende , Halynne Maria Marques Gondim , Weber Chaves Moreira , Ronald Soares dos Santos