Dados do Trabalho


Título

PERFIL EPIDEMIOLOGICO DOS TRANSPLANTES PEDIATRICOS REALIZADOS NO BRASIL NO ANO DE 2019

Objetivo

O Brasil é referência mundial em transplantes e apresenta o maior programa social de transplantes do mundo, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sabe-se que os transplantes surgem como uma terapêutica que pode aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida de crianças com acometimentos potencialmente fatais. Pretende-se, assim, descrever e avaliar dados relativos aos transplantes de órgãos sólidos em pacientes pediátricos no Brasil no último ano.

Método

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo, utilizando dados provenientes do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), por meio do Departamento de Transplante Pediátrico da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), referentes ao ano de 2019.

Resultados

Em 2019, 1.093 crianças necessitavam de transplantes de órgãos sólidos no Brasil. Foram realizados 584 procedimentos (53% do total de necessitados), e 64 crianças (5,8%) faleceram em lista de espera. A maior demanda foi por transplantes renais, seguida de transplantes hepáticos, cardíacos e pulmonares, nessa ordem. A taxa de transplante renal foi de 5,0 por milhão de população pediátrica (pmpp), sendo que 52% dos necessitados foram transplantados. Contudo, houve uma queda de 4,9% no número de transplantes quando comparado com dados de 2018. Já a taxa de transplante hepático, por sua vez, foi de 3,8 pmpp, o que representou um aumento de 4,7% em relação a 2018. Os transplantes cardíacos e pulmonares apresentaram taxas de transplante de 0,5 pmpp e 0,1 pmpp, respectivamente, sendo que foram submetidos ao procedimento cardíaco 30% dos necessitados e ao procedimento pulmonar somente 17%. Ao final de 2019, 434 crianças aguardavam um órgão para transplante: 320 esperavam um rim, 41 um fígado, 57 um coração e 16 um pulmão. Um dado relevante é de que a maioria dos transplantes ficou restrita a 8 estados brasileiros: RS, SP, CE, PE, PR, MG, BA e RJ - o que evidencia as disparidades regionais e a necessidade de ampliar o debate em torno do transplante pediátrico em todo o país.

Conclusões

Apesar de observarmos um aumento no número de alguns transplantes, como o hepático, outros apresentaram queda em relação ao ano anterior, e, além disso, ainda há um número significativo de crianças morrendo na lista de espera. Ainda são poucos os serviços que realizam transplantes pediátricos no Brasil, e existem grandes disparidades regionais. São muitas as dificuldades, merecendo destaque a falta de centros transplantadores nas regiões norte e centro-oeste, bem como de verbas que auxiliem no transporte e na estadia das crianças e seus responsáveis nesses centros. Assim, são necessárias medidas para que mais crianças tenham acesso a centros transplantadores e possam realizar com êxito seu tratamento, quando indicado. Ademais, deve-se investir em campanhas de conscientização acerca da doação de órgãos, visando a um aumento no número de doadores - parte essencial para o sucesso do programa de transplantes brasileiro.

Palavras Chave

Transplante de órgãos; transplante pediátrico; transplante em criança.

Área

TRANSPLANTES

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Minas Gerais - Brasil

Autores

CÁRITAS ANTUNES LACERDA, JÚLIA FERNANDA COSTA VICENTE