Dados do Trabalho


Título

LESAO DA VEIA MESENTERICA SUPERIOR NO TRAUMA ABDOMINAL PENETRANTE: RELATO DE CASO E REVISAO DA LITERATURA.

Introdução

As lesões vasculares abdominais estão entre as mais letais sofridas pelos pacientes traumatizados. Correspondem a apenas 0,1-1% do trauma vascular. A lesão da veia mesentérica superior (VMS) é ainda mais rara. Apresentamos um caso tratado com sucesso de ferimento por arma branca abdominal com tratamento cirúrgico de lesão combinada da VMS e aorta infrarrenal.

Relato de caso

Paciente do sexo masculino, 14 anos, na admissão apresentava-se estável hemodinamicamente e à exposição identificava-se evisceração do epíplon pelo ferimento em epigástrio. O Focused Assessment with Sonography for Trauma evidenciou líquido livre abdominal. Foi iniciado protocolo de transfusão com hemocomponentes devido ao Assessment Blood Score igual a dois e transferência imediata ao centro cirúrgico.

Realizou-se laparotomia exploradora que revelou sangramento ativo oriundo de hematoma retroperitoneal em zona I. Após controle da aorta supra celíaca e completo inventário da cavidade abdominal sem achados de lesão dos vasos retroperitoneais, dissecou-se o quadrilátero venoso de Rogie, diretamente na raiz do mesentério. Identificou-se lesão de cerca de 70% da circunferência no terço proximal da VMS. Devido à estabilidade hemodinâmica do paciente, optou-se pelo reparo com patch de veia safena magna, com pontos contínuos, utilizando fio de polipropileno. Confeccionou-se peritoneostomia a Barker. Em 24 horas, realizou-se cirurgia de Second-look, não foram encontradas novas fontes de sangramentos e o intestino encontrava-se viável.

No sétimo pós-operatório evoluiu febril. A tomografia de abdome para investigação de possíveis coleções abdominais identificou um pseudoaneurisma na parede posterolateral direita da aorta imediatamente distal à origem da artéria renal, confirmado por aortografia. Decidiu-se por reparo do pseudoaneurisma por laparotomia através de aortorrafia. O paciente recebeu alta hospitalar quinze dias após trauma. Após três meses do evento segue em acompanhamento ambulatorial sem queixas.

Discussão

Lesões da VSM são raras e apresentam prognóstico sombrio. Estão associadas a sangramento maciço devido à ausência de válvulas no sistema venoso portal, levando ao sangramento anterógrado e retrógrado. A exposição cirúrgica da VMS pode ser realizada na raiz do mesentério após reflexão cranial do cólon transverso para localizar o quadrilátero de Rogie, delimitado superiormente pela veia esplênica, medialmente pela VMS, lateralmente pela veia mesentérica inferior e posteroinferiormente pela veia renal esquerda.

A ligadura da VSM deve ser selecionada para pacientes hemodinamicamente instáveis, pois pode resultar em significativo edema intestinal e ingurgitamento venoso. Devido à falta de evidências não existe padronização para correção destas lesões. Estas devem ser individualizadas no intra-operatório com base na gravidade da lesão vascular, na presença de lesões associadas e na estabilidade hemodinâmica do paciente.

Palavras Chave

Ferimentos e lesões. Traumatismo Múltiplo. Cirurgia de Second-Look. Lesões do Sistema Vascular. Procedimentos Cirúrgicos Vasculares

Área

TRAUMA

Instituições

Universidade Estadual de Londrina - Paraná - Brasil

Autores

Daniel Miguel Mauro, Isabele Alves Chirichela, Bianca Miyazawa, Gustavo Teixeira Fulton Schimit, Guilherme Silva Silvestre, Jose Manoel Silva Silvestre