Dados do Trabalho
Título
MESOTELIOMA MALIGNO PLEURAL: RELATO DE CASO
Introdução
Mesotelioma Pleural (MP) é neoplasia maligna de mau prognóstico,prevalecendo entre homens com 50 a 70 anos,relacionada sobretudo à exposição ocupacional ao amianto (mineração,fabricação de telhas e tanques),além de infecções pelo vírus Símio-40 e sessões de radioterapia.
Relato de Caso
RBV,40 anos,masculino,branco,natural e residente em Juiz de Fora-Minas Gerais,casado,comerciante.Negava comorbidades,tabagismo e exposição ao amianto,seja no âmbito ocupacional e domiciliar. Em dezembro de 2018,iniciou dor em hemitórax esquerdo,pior ao tossir e espirrar associado a derrame pleural. Internado no Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ) sendo submetido a toracocentese e biópsia pleural, resultado de exsudato linfocítico ADA baixo e biopsia inconclusiva. Realizada videotoracoscopia com biópsia de pleura, evidenciando múltiplos implantes na pleura parietal e visceral, sugestivos de MP epitelioide.A imuno-histoquímica demonstrou citoqueratinas de 40, 48.50 and 50.6 kDa ,além de calretinina,proteína S-100,antígeno gp 100 associado ao melanoma,fator de tireóide/transcrição pulmonar,fator de transcrição negativo e p63.Em abril/2019 foi realizada pleuropneumectomia com ressecção monobloco de todo o diafragma e pericárdio e linfadenectomia mediastinal,seguida de quimioterapia paliativa adjuvante.
Discussão
Exposição ao amianto é fator de risco preponderante para o desenvolvimento de MP e sua ocorrência independe de outras doenças associadas,como a asbestose pulmonar clássica.Estudo epidemiológico realizado na América Latina demonstrou média de idade de 61,1 anos ao diagnóstico,prevalência no sexo masculino (63,2%),do subtipo epitelial (78,5%),relacionado à exposição ao amianto (38,7%), sendo 62,3% dos pacientes diagnosticados em estágio III e 37,7% em IV.Clinicamente caracterizado por dor no peito,persistente (> 2 semanas),referida no ombro ou abdome superior.Pode haver dispnéia progressiva,tosse seca,hemoptise e derrame pleural bilateral, além de febre,calafrios,sudorese profusa,adinamia,perda de peso e nódulos pleurais periféricos.Exames de imagem como tomografia de tórax e tomografia por emissão de pósitrons são úteis para demonstrar derrame,invasões de tecidos moles,adenomegalia mediastinal e espessamento da pleura parietal e mediastinal.Quanto ao diagnóstico,biópsia pleural guiada por agulha é o primeiro passo, essencial também para prognóstico,enquanto a biópsia por videotoracoscopia tem rendimento diagnóstico superior a 95%,considerado procedimento diagnóstico de escolha.Painéis imuno-histoquímicos são recomendados para confirmação e diferencação de outros tipos de tumores.Doença metastática é incomum,mas pode envolver fígado,ossos,cérebro e linfonodos.As propostas terapêuticas atuais não são padronizadas,e se baseiam em quimioterapia, cirurgia e radioterapia justificando o prognóstico desfavorável observado nas últimas quatro décadas. Dessa forma, justificam-se novos estudos baseados em evidências, visando sistematização terapêutica.
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Palavras Chave
Asbestose, Epidemiologia, Mesotelioma, Neoplasia Pleural, Fatores de Risco, Pleuropneumectomia,
Área
TÓRAX
Instituições
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil
Autores
Lucas Machado de Souza Vicente, Víctor de Oliveira Costa, Eveline Montessi Nicolini, Guilherme de Abreu Rodrigues, Claudio de Castro Reiff , Matheus Gouvêa Fontes Santos , Rafael Souza Mota, Rodrigo Lima Ribeiro