Dados do Trabalho


Título

HERNIA DE LAUGIER-VELPEAU: HERNIA FEMORAL PEQUENA E RARA

Introdução

Hérnias femorais (HF) são protrusões do saco peritoneal com conteúdo abdominal ou pélvico, que se pronunciam por falhas da parede abdominal e através do canal femoral (CF). São menos comuns que as hérnias inguinais, porém apresentam maior risco de complicações. Burton et al, mencionaram previamente 6 casos de hérnia de Laugier em 4.400 herniorrafias. As hérnias femorais (HF) são mais comuns nos adultos e tem maior incidência no sexo feminino. O tratamento é cirúrgico e eletivo, porém deve ser realizado o mais rápido possível após diagnóstico. Trazemos neste relato o caso de uma paciente com um tipo raro de HF, a hérnia de Laugier e Velpeau (HLV).

Relato de Caso

Paciente de 72 anos, feminina, encaminhada para Santa Casa de Belo Horizonte com diagnóstico de abdome agudo por obstrução intestinal mecânica. Queixava-se de náuseas persistentes e um episódio de vômito gastro-bilioso. Ao exame físico, observou-se abaulamento rígido, doloroso à palpação, irredutível e de 3 cm, localizado abaixo do ligamento inguinal (LI) esquerdo, sem comprometimento do anel inguinal. Sem sinais de isquemia intestinal. Realizada ultrassonografia de parede abdominal que identificou presença de HF à esquerda. Por suspeita de encarceramento, foi indicada abordagem cirúrgica de urgência. Realizada incisão cutânea ao nível da base do trígono femoral, sendo identificado uma falha abaixo do LI com protrusão de discreto tecido adiposo e segmento de alça ileal, localizando-se ventromedialmente aos vasos femorais e projetando-se pelo CF.

Discussão

A HLV é um tipo incomum de HF, sendo caracterizada pela passagem do saco herniário pelo ligamento lacunar (LL) ou de Gimbernat. Este ligamento, assim como o LI, é parte da aponeurose do músculo oblíquo externo e conecta a porção mais medial do LI à linha pectínea, próximo ao tubérculo púbico. Estes dois ligamentos formam o assoalho do canal inguinal e a borda livre (semilunar) do LL forma o limite medial do anel femoral (AF). O diagnóstico da HLV é suspeitado pela apresentação clínica, devido sua localização ventromedial aos vasos femorais e pelos sinais de estrangulamento, mas em muitos casos pode ser dificultado ou ainda confundido com uma hérnia inguinal. A tomografia computadorizada pode auxiliar nos achados apresentados e a confirmação é realizada cirurgicamente através da visualização da hérnia através de uma falha no LL. O tratamento é cirúrgico eletivo, mas deve ser feito o mais rápido possível,pela maior suscetibilidade a estrangulamento da HLV, pois possui colo herniário menor e é envolvida por anéis de tecido rígido. Durante o procedimento, é necessária secção do LL para liberação do conteúdo herniado. Neste relato, o ligamento foi seccionado desde o AF até o ligamento de cooper (LC), com alargamento do saco herniário, possibilitando a redução e exérese do conteúdo herniado. O AF foi reconstituído através da fixação do LL e da aponeurose do músculo pectíneo ao LC.

Palavras Chave

Hérnia Femoral, Laugier-Velpeau, Hérnia

Área

HÉRNIAS E PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Universidade Federal de Ouro Preto - Minas Gerais - Brasil

Autores

Cirênio de Almeida Barbosa, Ronald Soares Santos, Barbara Soraya Medeiros Brito, Deborah Campos Oliveira, Nathalia Moura Melo Delgado, Mariana Fonseca Guimarães, Julia Gallo Alvarenga Mafra, Tuian Santiago Cerqueira