Dados do Trabalho


Título

SISTEMA EVAC PARA LESOES TRANSMURAIS NO TRATO GASTROINTESTINAL SUPERIOR - SERIE DE CASOS

Introdução

Defeitos transmurais no trato gastrointestinal (TGI) são classificados em três tipos: vazamentos, fístulas e perfurações. O manejo das lesões de TGI superior depende de fatores como localização, contiguidade com outros órgãos, tempo de evolução, suporte clínico inicial e repercussões clínicas. A abordagem endoscópica dessas lesões tem ganhado importância através do desenvolvimento de técnicas para redução da morbimortalidade do tratamento. O EVAC (Endoscopic Vacuum Therapy) é uma das inovadoras técnicas e consiste na aplicação de pressão negativa sobre a lesão, diretamente no lúmen do órgão, por visão endoscópica direta.

Relato de Caso

Foram analisados prontuários de três pacientes internados na enfermaria cirúrgica do Hospital Otávio de Freitas - Recife/PE. PFM, masculino, 83 anos, portador de DPOC, em tratamento de pneumonia complicada com derrame pleural, encaminhado ao serviço devido ao aparecimento de secreção alimentar em dreno torácico previamente inserido, sendo submetido a EDA que observou um pequeno pertuito no esôfago distal a 2 cm da transição esôfago-gástrica. ALDS, feminino, 55 anos, hipertensa e diabética, admitida com odinofagia, dor torácica ventilatório-dependente e dispneia após ingestão acidental de espinha de peixe. Foi realizada a remoção do corpo estranho. Após 35 dias de tratamento conservador, sem melhora, EDA evidenciou pequeno trajeto fistuloso no local da perfuração a direita, com drenagem de secreção purulenta. OSS, feminino, 41 anos, B-24 em tratamento irregular, desnutrida, com diagnóstico de citomegalovirose esofágica, chega à emergência com padrão respiratório ruim, tosse produtiva, febre e pneumotórax, diagnosticado em tomografia. Cinco dias após inserção de dreno torácico, foi evidenciado presença de restos alimentares no conteúdo drenado. EDA constatou úlceras rasas, em todo o esôfago, além de ampla lesão de 5 cm de extensão, com visualização do parênquima pulmonar. Todos os pacientes foram submetidos a tratamento com aposição de sistema EVAC intraluminal, com acompanhamento endoscópico semanal para troca de curativo/sonda e avaliação do fechamento das lesões. Dois dos pacientes evoluíram para recuperação total, com fechamento do trajeto fistuloso após tempo médio de 14 dias. A terceira paciente, evoluiu para óbito, após 5 semanas de EVAC, devido a comorbidades preexistentes.

Discussão

Sabe-se que o mecanismo do EVAC gera controle local efetivo da infecção e das secreções, redução do edema e induz cicatrização. Contraindicações e fatores de mau prognóstico devem ser levados em consideração desde o momento de indicação do tratamento. Os dados disponíveis na literatura e a experiência da equipe indicam que o EVAC é factível, seguro e efetivo com bons resultados no controle de danos e cura das lesões do TGI. Como é uma técnica incipiente, mais dados são necessários para melhor caracterizar seu uso e auxiliar na difusão da implementação nos serviços, que precisa ser feita em todos os níveis de cuidado.

Palavras Chave

Trato Gastrointestinal, Lesão de Esôfago, Endoscopic Vacuum Therapy,

Área

ESÔFAGO

Instituições

Universidade Católica de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Paulo Arruda Aragão Neto, Thayná Almeida Barroso, Hiago Silva Queiroga, Lalluna Gabriele Pinheiro Brandão da Costa, Rodrigo Pereira de Araújo, Pedro Henrique Araújo da Silva, Sércio Flavny Brandão de Menezes Correia, Flávio Coelho Ferreira