Dados do Trabalho


Título

PROPEDEUTICA EM CASO DE PSEUDOCISTO PANCREATICO

Introdução

Pancreatite aguda é definida como inflamação do tecido pancreático e peripancreático. Patologia com alto potencial de complicações e elevada prevalência. Apresenta diversas etiologias, entre elas colelitíase, etilismo crônico, hipertrigliceridemia e auto imune. A pancreatite crônica, é comumente desenvolvida pelo etilismo, mais prevalente em homens, com idade entre 36 a 55 anos. As complicações locais são coleções peripancreáticas, necróticas agudas, necrose pancreática delimitada ou pseudocistos. Por meio de um relato de caso, vamos demonstrar a conduta frente a um pseudocisto pancreático decorrente de um pancreatite crônica agudizada.

Relato de Caso

V.J.A , 61 anos, masculino, admitido com dor abdominal contínua em abdome superior de inicio há um mês e piora gradual, associado à náuseas e hiporexia. Tabagista 30 anos/maço e etilista. Exame físico com abdome flácido, indolor à palpação, sem massas palpáveis ou visceromegalias. Laboratoriais: leucócitos 14.490 uL sem desvio, TGO 62 Lipase 50; Amilase 134; US de abdome com massa ovalada heterogênea em topografia pancreática e litíase vesicular. Ressonância Magnética de abdome mostra lesão cística heterogênea entre o baço e o estômago em região de cauda pancreática medindo 7,8x9,2cm³. Abaixo, lesão cística medindo 1,8x2,2cm³ deslocando o estômago para esquerda. Solicitado endoscopia digestiva alta que evidenciou compressão extrínseca discreta em parede posterior do antro. Como não dispúnhamos de drenagem endoscópica no serviço, optado por tratamento cirúrgico. Realizado gastrostomia da parede anterior do antro gástrico e, em seguida, da parede posterior onde localizava o pseudocisto, posteriormente, drenado 600 ml de secreção pancreática. Realizado gastrocistoanastomose e rafiado parede gástrica anterior. Evolui com melhora clínica.

Discussão

O pseudocisto de pâncreas constitui coleção de suco pancreático encapsulado por tecido de granulação ou fibroso, decorrente de pancreatite aguda, crônica ou trauma. Ocorre em 10 a 15% dos casos de pancreatite aguda e 20 a 40% na crônica. A ausência de um epitélio interno é o que o distingue de lesão cística verdadeira, pois sua parede é formada por um tecido fibroso e de granulação originado de um processo inflamatório. Podem ser únicos ou múltiplos, e sua maioria possui comunicação com o ducto pancreático. Se manifesta com dor abdominal intensa, associada a náusea e inapetência. Regridem em 40% dos casos, sendo conservador o tratamento de escolha. Os maiores que 5cm de diâmetro e que persistem por mais de 6 semanas, devem ser considerados para drenagem, pois a taxa de resolução espontânea é menor que 10%. Pode-se realizar a aspiração percutânea por agulha, drenagem contínua por cateter ou via endoscópica. A cirurgia é indicada na impossibilidade ou falência da drenagem, persistência dos sintomas, aumento progressivo do pseudocisto e complicações. As modalidades terapêuticas cirúrgicas incluem a drenagem externa, interna e a exérese do pseudocisto.

Palavras Chave

Pseudocisto pancreático
Pancreatite crônica
Abdome agudo inflamatório

Área

PÂNCREAS

Instituições

Sociedade Portuguesa de Beneficência - Hospital Imaculada Conceição - São Paulo - Brasil

Autores

Leonardo Claudio Orlando, Régis Rodrigues Balliana, Nathane Silva Mendonça, Leopoldo Miziara Souza, Susana Grajales Gomez, Fernando Von Jelita Salina