Dados do Trabalho
Título
CARDIOMIOTOMIA COM FUNDOPLICATURA VIDEOLAPAROSCOPICA NO TRATAMENTO DA ACALASIA
Introdução
Acalásia idiopática é um distúrbio de motilidade esofágica caracterizada clinicamente por disfagia a sólidos e líquidos, dor torácica, regurgitação e perda de peso. Sua etiologia não é bem determinada, sendo possíveis as teorias autoimune, genética e viral. O diagnóstico é realizado por meio de teste da manometria esofágica que demonstra pressão do EEI normal ou elevada e ausência de relaxamento do mesmo a deglutição. Patologicamente há uma inflamação do plexo esofágico de Auerbach e, com a evolução da doença, pacientes podem desenvolver dilatação do corpo esofágico. Como ainda não há terapia específica, o tratamento é focado na diminuição da pressão de passagem na junção gastroesofágica.
A miotomia laparoscópica à Heller é considerada como tratamento padrão-ouro para acalasia. O objetivo da cirurgia é a correção do tônus do EEI pela secção de suas fibras musculares. A miotomia deve dividir as camadas musculares do EEI, expondo o paciente ao risco de refluxo gastroesofágico, o que demanda a construção de uma válvula antirrefluxo.
Este trabalho tem como objetivo relatar o caso e demonstrar o procedimento cirúrgico de um paciente do Hospital Geral de Itapecerica da Serra diagnosticado com acalásia e que foi submetido ao procedimento de Miotomia a Heller com Fundoplicatura em Dezembro de 2019.
Relato de Caso
G. S. B. P., 32 anos, sem comorbidades, iniciou quadro com dispepsia, perda ponderal importante, dor abdominal por 60 dias, com piora da dor há dois dias associado à náusea e vômitos pós prandiais. Fez tratamento com clínico, sem melhora. Endoscopia digestiva alta (EDA) apresenta esôfago de aspecto dilatado e pouco tortuoso, mucosa edematosa e extrema dificuldade na transposição da cárdia. Manometria evidencia aperistalse esofágica de 100% e hipocontratilidade do esôfago distal, ambos exames sugestivos de acalasia.
Indicada cardiomiotomia à Heller com confecção de válvula antirrefluxo anterior videolaparoscópica, sendo o mesmo realizado em 19 de dezembro de 2019. Paciente evolui em bom estado, com boa aceitação de dieta e EDA pós-operatória com transposição fácil do aparelho e alta hospitalar no terceiro dia pós-operatório.
Retorno ambulatorial no 41º dia pós-operatório com paciente assintomático, com boa aceitação da dieta líquida e sólida, hábitos intestinais normais.
Discussão
A miotomia laparoscópica é a opção com melhores resultados em longo prazo, um procedimento seguro e com baixos riscos para o controle de disfagia, aumentando a qualidade de vida dos pacientes. A laparoscopia adiciona o benefício ao cirurgião de uma melhor visualização da junção esofagogástrica e ao paciente de uma cirurgia minimamente invasiva.
Há evidências que os procedimentos cirúrgicos predispõem o desenvolvimento do esôfago de Barret e de adenocarcinoma esofágico pelo desenvolvimento de refluxo gastroesofágico ácido devido à ausência de uma área de alta pressão pós miotomia do EEI. A realização da fundoplicatura diminui sua incidência, porém não elimina a complicação.
Palavras Chave
Miotomia a Heller
Fundoplicatura
Acalásia Idiopática
Área
ESÔFAGO
Instituições
Hospital Geral de Itapecerica da Serra - São Paulo - Brasil
Autores
Thais Ayumi Nagano, Maria Carolinne de Brito Sá Magalhães, Mohammed Taha, Vanessa Cristina Cação, Phillip Cerqueira Andrade, Juliana Oliveira de Miranda