Dados do Trabalho


Título

ANGIOPLASTIA, ESCLEROTERAPIA E AUTOENXERTO NO TRATAMENTO DE ULCERA MISTA UM RELATO DE CASO

Introdução

As úlceras de pernas abrangem uma ampla variedade de etiologias. Quase 70% são causadas por insuficiência venosa crônica e até 25% podem ter complicações arteriais coexistentes. Tais lesões venosas são tratadas com terapia de compressão e curativos retentores de umidade. Estudos recentes sugerem que enxertos de pele humana podem facilitar a reepitelização da área acometida.

Relato de Caso

Feminina, 83 anos, hipertensa, obesa, portadora de úlcera crônica em membro inferior esquerdo (MIE) há 13 anos, admitida no pronto socorro com queixa de dor intensa em lesão e infecção. Ao exame físico: lipodermatoesclerose, dermatite ócrea, úlcera extensa infectada- ocupando toda circunferência do terço médio da perna até dorso do pé- associado a dor incapacitante, que levou a paciente a solicitar amputação do membro. Pulsos: femoral presente e ausência de poplíteo e tibiais.
Exames complementares: ecodoppler arterial MIE identificando artéria femoral superficial ocluída desde a origem, reabitando na artéria poplítea supragenicular. Artérias infrageniculares não avaliadas pela extensão da úlcera. Ecodoppler venoso MIE mostrando safena com refluxo e 9,3 mm de diâmetro. Em arteriografia, confirmou-se lesões identificadas no doppler, além de visualizar perviabilidade de artéria tibial anterior e oclusão de fibular e tibial posterior. Paciente recebeu diagnóstico de doença arterial obstrutiva periférica avançada (Classificação de Rutherford=6) e insuficiência venosa (CEAP 6).
Realizada angioplastia de artéria femoral superficial esquerda, com colocação de dois stents, seguido de escleroterapia de veia safena magna com espuma densa polidocanol 3% ecoguiada e desbridamento extenso da lesão. Após antibioticoterapia e troca diária de curativo, observou-se melhora da lesão, sendo solicitada avaliação da Cirurgia Plástica.
Doze dias após internação, paciente foi submetida a autoenxertia de pele parcial em membro inferior esquerdo, com tecido doador proveniente de região anterior e lateral de coxa ipsilateral. Após sete dias com curativo fechado, observou-se enxerto viável, sem áreas desvitalizadas ou necróticas, integrado ao leito receptor.

Discussão

O tratamento ideal para úlceras mistas deve visar a cicatrização de feridas e a recuperação funcional dos membros. Fatores que contribuam para a má cicatrização devem ser identificados e tratados.
O método mais eficaz para cicatrização de úlceras arteriais é a restauração do fluxo sanguíneo por revascularização. Caso não tratada, a oferta insuficiente de oxigênio e nutrientes aos tecidos pode resultar em complicações como gangrena e amputação. Ademais, a escleroterapia e a ablação venosa, melhoram o prognóstico, porém não aceleram a cicatrização. Nesse sentido, o enxerto de pele demonstrou bom resultado.
Tendo em vista a cronicidade da lesão, a idade e as múltiplas comorbidades da paciente, o tratamento multidisciplinar mostrou-se eficaz e com ótimo resultado funcional, justificando a relevância deste caso.

Palavras Chave

angioplastia, stent, escleroterapia, espuma, enxerto, plástica, vascular, úlcera, venosa, arterial, Rutherford, Ceap, balão, multidisciplinar, cicatrização

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

Hospital Hans Dieter Schmidt - Santa Catarina - Brasil

Autores

Paola Mello de Souza, Laércio Bazzanella, Bruna Jacobowski , Daniel Ribeiro, Ana Luiza Dal Ponte, Vitoria da Silva Belli