Dados do Trabalho


Título

CIRURGIA DE CONTROLE DE DANOS EM PACIENTE COM RUPTURA HEPATICA DEVIDO A HELLP SINDROME

Introdução

Síndrome HELLP é uma entidade que acomete mulheres durante a gestação e o puerpério. Caracteriza-se pela ocorrência de hemólise associada a outras alterações laboratoriais e pode cursar com a ruptura hepática espontânea, uma das complicações mais temidas e felizmente rara, cuja incidência varia de 1:45.000 a 1:225.000.
O quadro clínico inclui dor no quadrante superior direito do abdome, epigastralgia, dor no ombro direito, náusea, vômito, distensão abdominal e choque. O diagnóstico pode ser feito com exames de imagem (TC, USG e RNM) ou no intra-operatório. Não há consenso quanto ao melhor tratamento, mas a Cirurgia de Controle de Danos pode ser necessária em determinados casos.
O objetivo desse estudo é apresentar um relato de caso e abrir espaço para discutir bases terapêuticas para essa patologia associada à morbimortalidade materna.

Relato de Caso

ASP, 30 anos, sexo feminino, G1A0P0, hígida, IG: 29s4d, com dor em hipocôndrio direito e alterações laboratoriais (HB 11,9; HT 33%; PLQ 95.000 TGO 256; TGP 265; LDH 734), sem aumento pressórico. Encaminhada para cesariana de urgência com hipótese de Síndrome HELLP. Detectado hemoperitônio, sendo necessário conversão para laparotomia mediana que evidenciou lesão dos segmentos hepáticos V, VI e VII secundário a hematoma subcapsular rôto. Realizado empacotamento hepático com 12 compressas. Admitida no CTI em VM e instável hemodinamicamente. Recebeu hemotransfusão e Transamin.
No 1º DPO manteve instabilidade hemodinâmica, resistência à sedação, abdome tenso, oliguria e PIV 25mmHg. Aventada hipótese de síndrome compartimental, que não foi confirmada após medidas clínicas (curarização) com nova PIV de 12mmHg e melhora do quadro.
No 2º DPO foi levada ao bloco cirúrgico para tratamento definitivo e retiradas das compressas, sem evidências de sangramento ativo. Realizado hepatorrafia com pontos hemostáticos em X além de patch omental, e posicionamento de 02 drenos tubulares supra e infra-hepáticos.
Evoluiu com débito diário de 100 ml de secreção serosanguinolenta pelos drenos, melhora clínica e laboratorial. No 8º DPO realizou TC de abdome que evidenciou hematoma subcapsular residual, em regressão. Foi retirado os drenos e recebeu alta da cirurgia geral em ótimo estado geral.

Discussão

A síndrome HELLP com ruptura hepática é uma patologia grave. A conduta cirúrgica é preconizada, mas não há consenso da melhor terapia a ser empregada frente a esse quadro. A interrupção da gravidez em pacientes com eclâmpsia associada é imperativa. Ao se optar pelo tratamento cirúrgico, pode-se realizar empacotamento hepático, segmentectomia, lobectomia, embolização, ligadura da artéria do segmento hepático e cobertura com cola hemostática. Deve-se evitar suturar e ressecar o tecido hepático devido ao seu estado friável. Cerca de 50% das mortes são evitáveis com a adequada assistência. Por isso é importante estudos de caso para que o diagnóstico precoce seja feito e para que a melhor conduta possa ser tomada diante de um quadro tão grave e desafiador.

Palavras Chave

cirurgia de controle de danos; rotura hepatica; HELLP síndrome; fígado

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital Júlia Kubitschek - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Sarah Oliveira Rocha, Tarcisio Versiani A. Filho, Leonardo Schiess Sales Antunes, Filipe Peres Barreto, Debora Gandra Alvarenga, Victor Hugo Carvalho Foureaux, Paulo Henrique Marcelino Amaral, André Lana Pimenta