Dados do Trabalho


Título

FISTULA DO DUCTO DE LUSCHKA: UMA COMPLICAÇÃO DA COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA

Introdução

A fístula biliar é uma das principais complicações após cirurgias hepatobiliares, apresentando aumento da incidência com o advento da colecistectomia videolaparoscópica (CVL). A fístula pode originar-se do coto cístico, da via biliar principal e de ducto acessório. A lesão do ducto de Luschka com consequente coleperitônio apresenta incidência desconhecida, especialmente pelo fato dos estudos focarem em lesões biliares maiores. Relatamos um caso de fístula biliar originada do ducto de Luschka.

Relato de Caso

Paciente feminino, 24 anos, admitida na unidade de emergência no oitavo dia de pós-operatório de CVL, com queixa de dor abdominal difusa associada a náuseas e vômitos. Ao exame físico mostrava-se desidratada, taquicárdica e com extremidades frias. À palpação do abdome, apresentava dor abdominal com irritação peritoneal. Relato de perioperatório laborioso, com cístico dilatado, sendo optado ligadura com seda e clipagem posterior. Anterior a cirurgia, foi realizado a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE) com drenagem de calculo único e observado clareamento da via biliar.
Iniciado o protocolo de sepse e realizado ultrassonografia a beira do leito identificou-se liquido livre em pelve e região supra-hepática em moderada quantidade. Os exames laboratoriais mostraram aumento de bilirrubina direta, leucocitose com desvio a esquerda e PCR elevado. A paciente foi submetida à videolaparoscopia diagnóstica que evidenciou grande quantidade de líquido biliopurulento na cavidade, não visualizado o ponto de vazamento de bile, mas identificado clipes metálicos em ducto cístico normoposicionados. Realizado lavagem e posicionado dois drenos tubulares um supra-hepático e o outro em leito vesicular. Quinze dias após reabordagem, paciente mantinha débito dos drenos abdominais alto, sendo optado por realizar tomografia computadorizada que evidenciou coledocolitíase (presença de três cálculos, sendo o maior de 7,3mm). Submetida a nova CPRE o qual mostrou via biliar dilatada, extravasamento de contraste pelo ducto acessório de Luschka e presença de dois cálculos em colédoco distal, realizada esficterectomia, passagem de basket e fogart, com clareamento total da via biliar. Após a CPRE, houve redução do debito dos drenos e paciente recebeu alta hospitalar.

Discussão

O ducto de Luschka foi descrito pela primeira vez em 1863, é um ducto biliar acessório subvesicular. Lesões deste ducto podem ocorrer durante a CVL e geralmente são produzidas por um excesso de dissecção do plano profundo e leito hepático, é dificilmente identificada no intraoperatório e pode manifesta como coleperitônio na primeira semana pós-operatória. Inúmeros métodos de diagnóstico têm sido utilizados para detectar, dentre eles a ultrassonografia abdominal, a tomografia computadorizada, a colangioressonância e a CPRE, que pode detectar o sitio da fístula, a presença de cálculos e é considerada o tratamento de escolha. Realiza-se esfincterectomia que é eficaz na maioria dos pacientes, como no caso supracitado.

Palavras Chave

FÍSTULA BILIAR, DUCTO DE LUSCHKA, COMPLICAÇÕES, COLECISTECTOMIA VIDEOLAPAROSCÓPICA

Área

VIAS BILIARES

Instituições

HOSPITAL JULIA KUBITSCHECK - FHEMIG - Minas Gerais - Brasil

Autores

BÁRBARA MARIA ASSI RABELO, TARCISIO VERSIANI A FILHO, WANDER CAMPOS MARCOS, ANDRÉ LANA PIMENTA, SARAH OLIVEIRA ROCHA, ANDREA ZERINGOTA DE CASTRO MACHADO, DEBORA GANDRA ALVARENGA, PAULO HENRIQUE MARCELINO AMARAL