Dados do Trabalho


Título

ULCERA DE CAMERON: RELATO DE CASO

Introdução

Lesões ulcerosas na mucosa gástrica, em pacientes com hérnia hiatal (HH), ao nível do hiato diafragmático ou superiormente a ele, recebem o nome de Úlceras de Cameron (UC). O dignóstico é feito pela esofagogastroduodenoscopia (EDA), presentes em até 5% dos pacientes com HH e são encontradas, com maior frequência, na curvatura menor do estômago. As úlceras gastrointestinais podem ser responsáveis pela ocorrência de anemia por deficiência de ferro.

Relato de Caso

LFM, masculino, 70 anos, admitido no serviço com fezes escurecidas em grande volume, há 2 dias, associado a desconforto abdominal. Histórico de hipertensão arterial sistêmica e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ambas em vigência de tratamento; etilismo e tabagismo cessados há 10 e 4 anos, respectivamete. Ao exame físico, estável hemodinâmicamente. Abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, flácido, timpânico e indolor à palpação. Foram iniciadas medidas para diagnóstico e tratamento de hemorragia digestiva alta. A EDA revelou extensa úlcera gástrica ativa em HH – UC, com características isquêmicas, sinais de sangramento recente (Forrest IIB), sendo então realizada hemostasia. No dia seguinte apresentou quadro de exacerbação da DPOC e iniciou-se antibioticoterapia. Apresentou novo episódio de melena, submetido novamente à EDA, a qual revelou grande quantidade de coágulos no estômago com estigmas de sangramento (Forrest IIA). Realizada nova hemostasia. Durante EDA de controle notou-se já úlcera com base clara sem sinais de sangramento (Forrest III). Recebeu alta após estabilização clínica, antibioticoterapia, sem novas exteriorizações.

Discussão

Mesmo não havendo dados etiológicos bem estabelecidos, a UC pode ter a gênese no trauma mecânico – secundário à contração diafragmática nas incursões respiratórias, a lesão pela acidez gástrica e isquemia. A apresentação mais comum é a hemorragia digestiva crônica, frequentemente associada a anemia por deficiência de ferro. Em 1/3 dos casos, observa-se um quadro agudo de HDA, potencialmente fatal frente à evolução do paciente com instabilidade hemodinâmica. Todavia, tais lesões são achados acidentais à EDA, o que ocorre em cerca de 50% dos casos. O exame padrão ouro para o diagnóstico é a EDA, embora não seja incomum que estas não sejam detectadas, por dificuldade de visualização. O tratamento tem como base o suporte clínico, reservando-se o tratamento cirúrgico para quadros refratários ou complicados. O tratamento clínico consiste em realizar a supressão ácida e no uso de procinéticos. A hemostasia endoscópica ou de uma abordagem cirúrgica, são reservadas a pacientes que não respondam ao tratamento clínico. As cirurgias parecem beneficiar mais àqueles pacientes que possuem HH pasaesofágicas, sangramentos persistentes ou esofagites por refluxo grave. Nosso relato corrobora com a necessidade de alta suspeição, a fim de identificar precocemente tais lesões, para prevenir complicações, pois na fase inicial a UC pode ser abordada de forma conservadora.

Palavras Chave

Hérnia Hiatal, Anemia Ferropriva, Úlcera Péptica Hemorrágica, Diagnóstico, Terapêutica.

Área

ESTÔMAGO E INTESTINO DELGADO

Instituições

Universidade Santo Amaro - São Paulo - Brasil

Autores

Bruna de Paula Alves, Ana Luísa Telles Kassab, Vanessa Ramos Zaude, Isabella Magnago Batista, Diego Ferreira de Andrade Garcia , Paulo Cesar Rozental-Fernandes , Bernardo Mazzini Ketzer , Elias Jirjoss Ilias