Dados do Trabalho


Título

FUSAO ESPLENOGONADAL COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE MASSA TESTICULAR EM PACIENTE ADULTO

Introdução

No desenvolvimento embrionário, por volta da 5ª a 8ª semana, há uma proximidade entre células que originam o baço, as gônadas ou derivados de estruturas do mesonefro. Por mecanismos ainda desconhecidos essas estruturas podem aderir-se dando origem a uma condição rara denominada fusão esplenogonadal. Com o desenvolvimento normal do testículo e sua descida até o escroto, o tecido esplênico ectópico é levado junto.

Essa malformação congênita foi descoberta pelo patologista Eugen Bostroem em 1883, mas somente em 1889 que Pommer a descreveu.

A fusão esplenogonadal na maioria das vezes passa despercebida, sendo descoberta acidentalmente na correção de uma hérnia inguinal ou, quando avaliadas no exame físico, se passam por lesões testiculares suspeitas.

Este estudo tem por objetivo apresentar um caso suspeito de neoplasia testicular que levou o paciente a uma orquiectomia, e indagar condutas menos mórbidas para os pacientes portadores de tumores testiculares.

Relato de Caso

Paciente masculino, 39 anos, previamente hígido, procura urologista com queixa de disfunção erétil, ejaculação precoce e desejo de realizar vasectomia.

Ao exame físico foi palpada nodulação em epidídimo esquerdo, aderida a testículo ipsilateral. Para investigar suspeita de um tumor maligno do testículo, os biomarcadores foram solicitados, no entanto obteve níveis normais de LDH, Beta-HCG e alfafetoproteína.

USG Doppler de escroto evidencia nódulo sólido e irregular no testículo esquerdo, bem vascularizado e de natureza a esclarecer, medindo 1,5 x 1,4 x 1,2 cm.

De posse desses resultados, a cirurgia imediata foi proposta pela equipe de Urologia sob hipótese de neoplasia testicular. Submetido então a orquiectomia radical inguinal esquerda, sem intercorrências, com boa evolução em pós operatório. Anatomopatológico descreve tumoração intratesticular com histologia de baço, favorecendo fusão esplenogonadal, o mesmo diagnóstico confirmado com estudo imuno-histoquímico.

Discussão

A fusão esplenogonadal é uma anomalia congênita, mais comum em homens e preferencialmente do lado esquerdo. A explicação para a maior incidência no sexo masculino deve-se ao fato de os testículos estarem externos à cavidade abdominal, enquanto que os ovários assumem uma posição interna, levando a acreditar em subnotificação de casos na população feminina.

A importância de procurar um urologista para exame de rotina ou quando na detecção de massas testiculares pelo próprio paciente faz-se necessário investigar com exames complementares com o objetivo de descartar neoplasias. É também imprescindível que o urologista considere a hipótese de fusão esplenogonadal no intuito de preservar o paciente de uma orquiectomia por uma condição indiscutivelmente benigna. Levando em conta a possibilidade desse diagnóstico, carece de recomendações na literatura e critérios consolidados de indicação de amputação testicular, procedimento desnecessário em até 37% dos casos descritos.

Palavras Chave

Fusão esplenogonadal; anomalias congênitas; orquiectomia; urologia; relato de caso

Área

UROLOGIA

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - Minas Gerais - Brasil

Autores

MARCOS LEANDRO BARBOSA, THOMAZ DE OLIVEIRA PROTTI, SARA CAROLINA OLIVEIRA GOMES, KASSIO COVRE, PEDRO TORRES PINHEIRO, MARCOS FIGUEIREDO COSTA